
O Salmo 2:1-3 questiona em voz alta por que nações e reinos conspiram como se pudessem realmente resistir a Deus e ao Seu Rei escolhido, o Messias. De acordo com Atos 4:25, este salmo foi escrito pelo Rei Davi, o Salmo 2 é citado inúmeras vezes no Novo Testamento. Exemplos a seguir:
Davi suspira alto, perguntando retoricamente: Por que se amotinam as nações, e os povos tramam em vão? (v.1).
A resposta implícita a essa pergunta retórica é: "Não há nenhuma boa razão para fazer isso, pois é completamente fútil". O verbo hebraico por trás de "se amotinam" ("ragash") retrata massas inquietas batendo os pés e rugindo como ondas durante uma tempestade. O salmista classifica toda estratégia tramada contra Deus como "vã" - vazia, sem peso, condenada desde o início. Como veremos, a vã ideia que as nações têm é resistir ao Rei ungido de Deus e ascender acima de Seu poder. As nações desejam em vão ter autoridade sobre Deus e Seus ungidos.
Essa conspiração para ascender acima de Deus nos lembra de Lúcifer (Satanás), que também imaginou a mesma coisa vã. Como vemos em Isaías, Lúcifer planejou algo semelhante:
"Como caíste do céu,
Ó estrela radiante, filho da alva!
Como estás cortado até a terra,
Tu que abatias as nações!
Tu dizias no teu coração: Subirei ao céu
Exaltarei o meu trono acima das estrelas de Deus
E sentar-me-ei no monte da congregação,
Nas extremidades do Norte
Subirei acima das alturas das nuvens
E serei semelhante ao Altíssimo.”
(Isaías 14:12-14).
Satanás conspirou para substituir a autoridade de Deus, apesar de quaisquer ganhos que Satanás possa ter obtido, seu destino é ser "lançado no Sheol, no abismo mais profundo" (Isaías 14:15). Vemos isso em Apocalipse 20:10, que este é o destino final do adversário. Satanás é o governante atual deste mundo. Ele foi espiritualmente expulso, pois Jesus recebeu toda a autoridade. No entanto, Jesus ainda não havia derrotado Satanás fisicamente até o momento em que este texto foi escrito (João 12:31). Como Satanás ainda é o governante deste mundo, o mundo reflete seu sentimento de revolta contra Deus e de tramar uma coisa vã, que é ascender ao Altíssimo, acima da autoridade de Deus.
Atos 4:25-26 registra os primeiros crentes orando as palavras do Salmo 2:1-2 de volta a Deus quando perceberam que Herodes, Pôncio Pilatos e o Sinédrio tinham apenas reencenado a antiga rebelião ao crucificar Jesus, descrevendo que “ os governantes estavam reunidos contra o SENHOR e contra o seu Cristo” (Atos 4:25-26).
Esta oração dos primeiros seguidores de Cristo, datada do primeiro século, nos ensina que o Salmo 2 fala simultaneamente de reis antigos, autoridades do primeiro século e toda estrutura de poder moderna que, em vão, imagina poder assumir um nível de autoridade superior ao de Deus, o criador do céu e da terra. Davi então se concentra na classe de liderança das nações: Insurgem-se os reis da terra, e os príncipes conspiram contra Jeová e contra o seu ungido (v.2).
O verbo hebraico traduzido como "Insurgem-se" ("yatsab") retrata os governantes da Terra firmando seus pés, redigindo tratados e assinando decretos com a firme determinação de se colocarem em desafio a Deus, apenas para descobrirem que declararam guerra à própria Onipotência. Vemos em Apocalipse que os reis da Terra parecem reconhecer abertamente que estão em oposição direta ao Cordeiro. Mas, em vez de se arrependerem e implorarem por misericórdia, eles se escondem (Apocalipse 6:16).
O antagonismo dos governantes não se dirige apenas a uma divindade abstrata, mas ao Seu Ungido. Em hebraico, a palavra traduzida como ungido é “māšîaḥ” - Messias. A tradução grega de “māšîaḥ” é “christos”. Messias e Cristo significam ungido, e Deus ungiu Jesus para ser o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Apocalipse 19:16). Veremos isso mencionado no Salmo 2:6.
Da perspectiva de Davi, o futuro rei ungido de Deus aponta para a linhagem real que Deus lhe prometeu (2 Samuel 7:12-13). Da nossa perspectiva, aponta para Jesus de Nazaré, o Cristo, o Rei ungido de Deus. Os dois pontos de vista se unem na realidade de que Jesus é o "Filho de Davi" (Mateus 1:1).
Os rebeldes expressam seu manifesto contra Deus e Seu Rei ungido, Jesus, o Cordeiro de Deus: Rompamos as suas ataduras e lancemos de nós as suas cordas! (v.3).
Os governantes rebeldes rotulam a ordem moral do Criador como ataduras e cordas - correntes - ecoando a concepção da serpente no Éden de que autonomia de Deus é liberdade. Tanto a experiência pessoal quanto a Palavra de Deus deixam claro que viver longe de Deus traz escravidão ao pecado (João 8:34, Romanos 6:17-20).
A ironia é profunda; a realidade é que o pecado traz escravidão e morte, enquanto a obediência a Deus traz liberdade e vida (Gálatas 5:1). Jesus convida os cansados a tomarem o Seu jugo, prometendo que o Seu fardo é leve (Mateus 11:29-30). Paulo, da mesma forma, chama as dificuldades que suportou de "aflição momentânea e leve", em comparação com o "peso eterno de glória" prometido por Jesus, que o aguardava como recompensa por ser uma testemunha fiel (2 Coríntios 4:17, 2 Timóteo 2:12, 4:8).
Para leitores de todos os séculos, a salva de abertura do salmista traz tanto advertência quanto conforto. Nenhuma notícia de turbulência geopolítica deve surpreender a igreja; o Salmo 2 a previu. No entanto, nenhuma manchete deve nos apavorar; a fúria das nações e de seus líderes terminará com o riso divino, e o desfecho do drama já estava escrito antes mesmo que o primeiro rei coroasse. O único caminho sábio é a humilde fidelidade ao Ungido, Jesus, cujo trono global e gracioso convite dominarão o restante do Salmo 2.
Usado com permissão de TheBibleSays.com.
Você pode acessar o artigo original aqui.
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