
Em 2 Coríntios 13:5-10, Paulo passa da advertência sobre disciplina para o início do encorajamento. Há uma maneira de evitar a disciplina apostólica: arrepender-se. E a melhor maneira de encontrar o arrependimento é através da autorreflexão, portanto, Paulo os admoesta: "Examinai-vos se estais na fé, provai-vos a vós mesmos" (v. 5a).
A palavra grega traduzida como "provai" também é traduzida em outros versículos como "tentar". Apocalipse 2:2 usa a palavra para elogiar a igreja em Éfeso, que "pôs à prova" homens que se diziam apóstolos, mas que eram falsos (como são esses homens a quem Paulo se dirige em 2 Coríntios) a ideia é desafiar, colocar à prova. O autoexame aqui substitui o julgamento por duas ou três testemunhas, um exame público que Paulo ameaçou em 2 Coríntios 13:1, a maneira de evitar o exame público para erradicar o pecado é antecipá-lo, aplicando o autoexame e chegando ao arrependimento.
A “evidência” que seria usada em tal exame é apresentada no final do capítulo anterior, em 2 Coríntios 12:20-21 são os frutos de nossas escolhas, podemos nos autoexaminar a qualquer momento e avaliar se nossas escolhas estão produzindo frutos do Espírito ou frutos da carne (Gálatas 5:16-23).
Viver “em Cristo” é andar no Espírito. Andar no Espírito é cumprir a lei (Romanos 8:4, Gálatas 5:13-14). Cumprir a lei é amar e servir ao próximo (Mateus 22:37-39). Andar “em Cristo” é reconhecer a própria fraqueza e confiar na força do Espírito.
Este autoexame os ajudará a enxergar a si mesmos, em vez de apenas olhar para Paulo e os outros “falsos apóstolos”, "acaso, não reconheceis vós mesmos que Jesus Cristo está em vós? Se é que, porventura, não sois reprovados." (v. 5b).
Paulo apresenta esse desafio de autoexame para levar os coríntios a abraçarem a verdadeira identidade de quem realmente são e a viverem de acordo com ela. Eles são novas criaturas em Cristo (2 Coríntios 5:17). Ao lembrá-los de quem são em Cristo (Jesus Cristo está em vocês), Paulo os exorta a viverem de acordo com o padrão de Cristo em seu comportamento ético.
A expressão "reprovar no teste" traduz uma palavra grega com a raiz "adokimos". Essa palavra é traduzida de diversas maneiras, como:
Os tradutores usam “não aprovados” para traduzir “adokimos” no versículo 7. Se usássemos a mesma tradução no versículo 5b, ficaria assim: “Ou vocês não reconhecem que Jesus Cristo está em vocês? A menos que, de fato, vocês sejam reprovados?”
O contexto desta carta inclui a declaração de Paulo em 2 Coríntios 5:9-10 de que todas as obras dos crentes serão provadas no julgamento de Cristo, e que recompensas serão dadas por obras, tanto boas quanto más. As boas obras são aprovadas, as más não.
Em 2 Timóteo 2:15, Paulo admoesta Timóteo a viver de maneira a ser "aprovado", que é uma tradução de "dokimos" (em oposição a "adokimos", que significa "não aprovado"). Timóteo é claramente um crente, 2 Timóteo 2:1-15 fala sobre viver de tal maneira que se possa obter boas recompensas de Cristo no julgamento.
Na primeira carta de Paulo, ele afirmou que todas as obras serão provadas pelo fogo no julgamento de Cristo. Se as obras forem consumidas pelo fogo do Seu julgamento, haverá perda. Mas se as obras permanecerem, serão como ouro e pedras preciosas refinadas; haverá recompensa por essas obras (1 Coríntios 3:13-15).
Em 1 Coríntios 9:27, Paulo também usou a palavra “adokimos” (traduzida como “não sois reprovados” no versículo 5). Ali, ele disse que estava subjugando o seu corpo, colocando-o sob disciplina, para que pudesse vencer a corrida da vida e não ser “desqualificado” (“adokimos”). Ser “desqualificado” é reprovar no teste. Nesse caso, o “teste” seria um teste para saber se alguém seria capaz de terminar a “corrida”.
Considerando o exposto, a expressão "não sois reprovados" no versículo 5 poderia ser traduzida como "ser desqualificado" ou "ser reprovado". Ser "desqualificado", neste contexto, significa perder a corrida da vida por não acumular boas obras que agradem a Cristo em Seu julgamento. Paulo indica que, para vencer a corrida da vida e receber a coroa da vida, ele pretende trabalhar incansavelmente como um bom administrador da missão apostólica que Jesus lhe confiou (1 Coríntios 9:24-27). Jesus chamou a vitória na corrida da vida de "superação", assim como Ele superou (Apocalipse 3:21).
A disciplina que Paulo exerceu para não ser “desqualificado” (“adokimos”, 1 Coríntios 9:27) pode ser descrita como andar na fé para não falhar na prova. No fim de sua vida, Paulo disse: “No futuro, me está reservada a coroa da justiça” (2 Timóteo 4:8). Ele disse isso porque guardou a fé e terminou a jornada sem vacilar; terminou a corrida sem ser desqualificado/reprovado.
Em sua carta de 2 Timóteo, ele admoesta seu discípulo Timóteo (coautor de 2 Coríntios, segundo 2 Coríntios 1:1) a suportar as dificuldades e os sofrimentos com coragem, para que ele também possa receber recompensas pelas obras feitas por Cristo (2 Timóteo 2:3-6, 2:11-12).
Este contexto nos leva a concluir que o teste que Paulo aconselha os coríntios a usarem em seu autoexame é para verificar se estão andando segundo a fé em Jesus ou segundo a fé em si mesmos. Andar pela fé em Jesus requer andar em fraqueza (2 Coríntios 12:10). Andar em força é andar pela fé em si mesmo — andar em orgulho, à parte da fé.
Podemos ver em Habacuque 2:4 que o orgulho é o oposto da fé, o orgulho é a fé em si mesmo; é a força própria. Paulo cita Habacuque 2:4 nos versículos temáticos de Romanos (Romanos 1:16-17), ele também o cita em Gálatas 3:11. isso é um tema central nos escritos de Paulo e encontramos esse tema novamente aqui, o teste é verificar se eles estão na fé. Estar na fé é andar em fraqueza, confiando em Deus em vez de em si mesmo, a questão é se eles estão andando pela fé em Jesus (isto é, em fraqueza) ou andando pela fé em si mesmos (orgulho).
Quando os crentes andam na soberba da carne, eles andam nos caminhos do mundo, o apóstolo João adverte os crentes a não “amarem o mundo” (1 João 2:15). A palavra grega traduzida como “amor” é “ágape”, que é o amor por escolha. João admoesta os crentes a não escolherem amar as coisas do mundo e, em seguida, lista algumas coisas específicas que os crentes não devem escolher amar:
A “ostentação orgulhosa da vida” é o oposto da “fé”, a “ostentação orgulhosa da vida” é a fé em si mesmo. Ter fé é andar no Espírito, confiando que os caminhos de Deus são para o nosso bem quando os crentes andam em fé, produzem os frutos do Espírito. O teste é simples: o que a minha vida está produzindo? Para realizar este teste corretamente, é necessária humildade, ou seja, a disposição de ver a realidade como ela é. A autojustificação deve ser deixada de lado e a verdade deve ser abraçada.
Pode-se questionar se o teste diagnóstico está pedindo aos coríntios que examinem se eles são, de fato, crentes em Jesus. Isso não se encaixa no contexto por vários motivos. O principal deles é o fato de que nascer de novo é unicamente uma questão de fé, independentemente de obras (João 3:3, 16). Tudo o que é necessário para nascer de novo é ter fé suficiente para olhar para Jesus na cruz, esperando ser liberto do veneno do pecado (João 3:14-15). É a obra de Jesus que paga por todos os nossos pecados; Ele pagou por todos os pecados, passados e futuros (Colossenses 2:14). Isso independe da Lei e das obras, porque nenhum de nós consegue cumprir a Lei (Romanos 3:21-23).
Além disso, todos os que creem são transformados em novas criaturas em Cristo (2 Coríntios 5:17). O que Deus cria não pode ser desfeito pelo homem.
Contudo, mesmo depois de nos tornarmos novas criaturas em Cristo, ainda possuímos nossa velha natureza. E nossa velha natureza ainda peca. João afirma isso diretamente:
“Se dissermos que não cometemos pecado, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós.”
(1 João 2:8)
João escreve sua primeira carta aos crentes (1 João 1:2, 7, 12) e embora os crentes sejam novas criaturas em Cristo, ainda temos pecado por causa da nossa velha natureza. Isso estabelece uma luta constante dentro de nós entre a carne pecaminosa e o Espírito (Gálatas 5:17). A carne tenta nos levar a escolhê-la, e o Espírito contende contra a carne. Nossa escolha fundamental é a qual servir: à carne, que leva à morte, ou ao Espírito, que leva à justiça e à vida (Romanos 6:16).
Além disso, Paulo dirige esta carta de 2 Coríntios a “todos os santos” da região de Corinto (2 Coríntios 1:1). Esta mensagem é para os crentes, aqueles que estão “em Cristo” e se tornaram “novas criaturas”. O principal propósito da carta de Paulo é levar esses crentes a andarem pela fé, e não pelo orgulho, andarem no Espírito, e não na carne, andarem em fraqueza humana para que possam ser fortes em Cristo.
A escolha cabe aos coríntios portanto, Paulo os convida a se autoexaminarem e a fazerem uma escolha sábia, arrependendo-se de seus pecados e optando por andar em retidão. Caso contrário, estarão sujeitos a um julgamento disciplinar da igreja, baseado no “testemunho de duas ou três testemunhas” (2 Coríntios 13:1).
Paulo apresenta a escolha para torná-los compelidos a se autoexaminarem e se arrependerem. Como ele já afirmou, ele teme ter que discipliná-los novamente, Paulo não está pedindo que eles façam nada que ele mesmo não faça: "Espero, porém, que conhecereis que não somos nós reprovados." (v. 6).
Vemos outros exemplos de Paulo escrevendo sobre autoexame em 1 Coríntios 4:3, Paulo diz: “Mas, quanto a mim, bem pouco se me dá de ser julgado por vós ou por tribunal humano. Nem ainda me julgo a mim mesmo.”. Neste versículo, a palavra grega traduzida como “examinar” difere da palavra traduzida como “testar” nos versículos 5-6 e carrega um sentido de julgamento; Paulo não se julga. Paulo diz em seguida:
"Porque nada sei contra mim; contudo, nem por isso me dou por justificado, pois quem me julga é o Senhor."
(1 Coríntios 4:4)
Neste versículo, vemos que Paulo se examina da maneira como fala nos versículos 4-5, ao dizer: "Não tenho consciência de nada contra mim mesmo". Ele se examinou, como exorta os coríntios a fazerem no versículo 5, e tem a consciência tranquila de que está andando na fé, contudo, ele não julga a si mesmo nem aos outros e deixa isso para o Senhor.
Ele disse a mesma coisa em sua primeira carta, os coríntios aparentemente estavam julgando uns aos outros, em parte, com base em se seguiam a Paulo ou a Apolo (1 Coríntios 3:4). Paulo os exorta a, em vez disso, se concentrarem em seguir a Cristo, pois é Ele quem julgará as nossas obras no Seu tribunal (1 Coríntios 3:13-15).
Paulo disse a mesma coisa nesta carta, observando que “todos sejamos descobertos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba o que fez por meio do corpo, conforme o que praticou, o bem ou o mal.” (2 Coríntios 5:10). É por isso que devemos ter como objetivo agradá-lo, seja nesta vida ou na próxima (2 Coríntios 5:9).
Podemos concluir disso que, embora Paulo esteja determinado a disciplinar os coríntios caso não tenham se examinado e se arrependido, ele não está tomando o lugar de Cristo no julgamento em vez disso, ele está tentando direcionar suas vidas para Cristo, para que possam agradá-Lo, pois Ele é o verdadeiro juiz.
Paulo está apontando para a realidade da presença de Cristo neles mesmos, que eles verdadeiramente estão em Cristo , e por isso devem viver na fé, coerentes com sua verdadeira identidade. Sua confiança, ou esperança, reside em que, após o autoexame deles, não precisarão ser disciplinados e verão em Paulo a “prova de Cristo que fala em mim” (2 Coríntios 13:3), por meio do exercício de sua autoridade apostólica.
Se eles se examinarem e se arrependerem, então talvez ele não precise ir a Corinto com a severidade da disciplina apostólica, como advertiu. Ele acrescenta: Rogamos a Deus que não façais mal algum, não para que nós pareçamos aprovados, mas para que vós façais o bem, embora nós sejamos como reprovados. (v. 7).
A oração de Paulo para não praticar o mal apela àqueles na igreja que vivem em pecado; Paulo deseja que se arrependam. Ele espera que o maior número possível faça o que é certo. Fazer o que é certo é estar na fé, cada crente deve praticar boas obras como para o Senhor, buscando agradá-Lo e obter Sua recompensa, em vez da aprovação e recompensa dos homens (2 Coríntios 5:9-10).
A raiz da palavra grega “dokimos”, traduzida como aprovado no versículo 7, aparece em outros seis versículos do Novo Testamento. “Dokimos” é o oposto de “adokimos”, traduzido como reprovado no versículo 5 e reprovado aqui no versículo 7. O “a” adicionado como prefixo em grego significa “não”. Portanto, “dokimos” significa aprovado e “adokimos” significa reprovado.
Podemos ver nos escritos de Paulo que o contexto determina quem está aprovando o quê. Às vezes, Paulo fala da aprovação dos homens e, outras vezes, da aprovação de Deus.
Portanto, no versículo 7, devemos discernir pelo contexto a que aprovação Paulo se refere quando diz que deseja que os coríntios não façam o mal, esclarecendo em seguida que seu desejo de que eles não façam o mal não está relacionado a parecer aprovado. Ao dizer isso, Paulo afirma que sua motivação não é a de obter aprovação pessoal. Seu desejo é simplesmente que os coríntios façam o que é certo.
Portanto, a melhor interpretação aqui parece ser que Paulo está falando sobre a possibilidade de ser aprovado pelos homens devido ao bom comportamento dos coríntios. Sabemos por 2 Coríntios 5:9-10 que Paulo faz tudo o que faz para obter a aprovação de Cristo.
A ideia parece ser que Paulo está negando que seu principal objetivo seja obter a aprovação dos coríntios como apóstolo. Ele nega que haja qualquer necessidade de afirmação de seu apostolado por meio de ações corretas por parte deles. Ele defendeu seu apostolado, mas apenas como um meio de manter a autoridade relacional para apontá-los a Cristo. Ele afirma que seu motivo não está de forma alguma ligado a uma ideia como: “Se o apóstolo Paulo fizer com que os coríntios sigam suas ordens, isso significa que o apóstolo Paulo é legítimo e, portanto, reconhecido pelos homens como apóstolo”.
A preocupação de Paulo não é com a sua aparência perante os outros - ele já afirmou que toda esta disputa surgiu devido a uma ênfase excessiva nas aparências (2 Coríntios 10:7).
O desejo de Paulo é que os coríntios façam o bem para o seu próprio benefício. Ele deseja que façam o bem mesmo que isso possa parecer desaprovador para ele. Isso está em consonância com sua afirmação paternal em 2 Coríntios 12:15: “De boa vontade gastarei e me dedicarei por vocês”. Isso parece ser semelhante ao que Paulo afirma em sua carta aos Romanos, que ele estaria disposto a ser “amaldiçoado” para ver seus irmãos judeus chegarem à fé em Jesus (Romanos 9:3).
Isso também se encaixa no fato de Paulo dizer que não é motivado pela aprovação dos homens para que eles façam o bem, pois ele já havia afirmado que tudo o que faz é para a aprovação de Deus (2 Coríntios 5:9-10). Ele considera Deus como seu juiz e sabe que Deus julgará seu coração (1 Coríntios 4:4-5). Portanto, Paulo não se preocuparia com as aparências perante os homens. Além disso, ele desejaria que os coríntios fizessem o bem, pois eles também seriam julgados, e Paulo deseja que sejam aprovados diante de Jesus.
Portanto, o objetivo de Paulo parece ser que sua admoestação para que os coríntios façam o que é certo não visa reforçar sua própria credibilidade apostólica, como em "vocês estão me fazendo parecer mal", mas sim para o bem deles, por seu cuidado paternal como pai espiritual. Isso se relaciona com sua preocupação declarada em 2 Coríntios 12:20-21. Ali, ele disse temer que, ao visitar Corinto pela terceira vez, pudesse encontrar comportamentos carnais como "discórdia, ciúme", "imoralidade e lascívia".
Paulo não quer vê-los exibindo esse tipo de comportamento autodestrutivo. Em vez disso, ele deseja que os coríntios andem na fé, crescendo em Cristo, para que tenham um bom testemunho diante do Senhor (2 Coríntios 5:10, 13:5). Ele está tentando levá-los a viver a vida sob a perspectiva de que o verdadeiro poder está em “Cristo em vocês, a esperança da glória” (Colossenses 1:27).
Paulo quer que eles sejam fortes em Cristo, reconhecendo e deixando de lado a fraqueza da sua carne (2 Coríntios 12:10). Isso os levará a fazer o que é certo, porque conhecem e vivem a verdade da palavra de Deus. Paulo acrescenta então: Pois nada podemos contra a verdade, senão pela verdade. (v. 8).
É evidente que Paulo se sente magoado ao ter seu apostolado questionado, especialmente depois de ter sofrido por eles, se sacrificado por eles e colocado os interesses deles acima do seu próprio conforto. Embora Paulo certamente deseje ser vindicado perante seus oponentes e perante os crentes em Corinto, isso é secundário à sua missão e ao seu desejo de ver a mensagem do evangelho florescer na igreja de Corinto e por meio dela. O evangelho é a verdade. Paulo defende a verdade. Independentemente de como ele se sinta, ele não pode fazer nada contra a verdade.
Como apóstolo, ele se vê compelido a seguir a missão de Cristo de pregar a verdade, dizendo: “Ai de mim se eu não pregar o evangelho!” (1 Coríntios 9:16). A verdade sobre seu chamado e identidade foi declarada anteriormente nesta carta:
"Pois o amor de Cristo nos constrange, porque julgamos assim: um morreu por todos; portanto, todos morreram. Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e foi ressuscitado."
(2 Coríntios 5:14-15)
Esta é a verdade, que Jesus “morreu por todos; logo, todos morreram”. Isso significa que Paulo foi redimido do pecado pelo poder de Jesus, assim como os outros santos de Corinto. Além disso, a verdade é que Jesus morreu não apenas para que renascêssemos como filhos de Deus, mas também “para que os que vivem não vivam mais para si mesmos”. Paulo está proclamando aqui que vive essa verdade. Ele vive para eles, e não para si mesmo, ao fazer isso, ele vive “na fé”. Ele vive sua identidade “em Cristo”.
Se Paulo vier até eles no poder de sua autoridade apostólica e os julgar com base no “testemunho de duas ou três testemunhas”, ele estará buscando a verdade (2 Coríntios 13:1). Não haverá fingimento de que está tudo bem para que ninguém se sinta magoado, porque Paulo não pode fazer nada contra a verdade.
Agora Paulo começa a concluir a carta com oração e encorajamento: "Nós nos regozijamos quando nós estamos fracos, e vós sois fortes; e o que pedimos é o vosso aperfeiçoamento" (v. 9).
Paulo declara que prefere ser apresentado a eles como fraco (até mesmo reprovado pelos homens) para que eles sejam fortes em Cristo. É por isso que também oramos, para que vocês sejam aperfeiçoados.
Ele virá aos coríntios com poder apostólico e disciplinará os impenitentes, se necessário, ele os advertiu dessa possibilidade (2 Coríntios 13:2-3) mas expressou uma forte preferência para que eles se examinem e se arrependam por conta própria (2 Coríntios 10:2, 13:5). Ele deseja que eles passem pelo teste do autoexame, um teste para ver se estão andando na carne, conforme descrito em 2 Coríntios 12:20-21, ou na espiritualidade de andar “na fé” para fazer o que é certo (2 Coríntios 13:5).
Isso está de acordo com a oração que ele fez por eles, para que sejam aperfeiçoados. A palavra grega traduzida como "aperfeiçoamento" é abrangente, ela carrega consigo o sentido de capacitação, restauração e caráter. Paulo quer que eles sejam completos não apenas em sua caminhada de fé, para fazer o que é certo, mas também que tenham um relacionamento adequado uns com os outros em sua missão comum na igreja.
Para aperfeiçoamento em sua caminhada de fé, os resultados seriam opostos às características carnais que Paulo temia encontrar neles em 2 Coríntios 12:20-21. Podemos discernir que ser aperfeiçoado teria uma expressão de santificação e autogoverno tanto pessoal quanto coletiva.
O autogoverno pessoal seria andar de maneira santificada, em vez de se entregar à “impureza, imoralidade e sensualidade” (2 Coríntios 12:21). O autogoverno coletivo seria andar de maneira santificada para edificar o corpo, em vez de buscar se colocar no centro das atenções ou explorar os outros para obter ganhos ilusórios, como expresso em 2 Coríntios 12:20: “contendas, ciúmes, iras, discórdias, calúnias, fofocas, arrogância, perturbações”.
Eles devem funcionar como o corpo de Cristo, servindo uns aos outros em amor. Como Paulo escreveu aos Efésios, seu objetivo deve ser “o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo” (Efésios 4:12). É assim que se anda “na fé” (2 Coríntios 13:5). É assim que se vive e experimenta a realidade de estar “em Cristo”. Este é o caminho para a plenitude, para servir uns aos outros em amor.
Paulo exorta novamente os coríntios a resolverem a situação antes de sua chegada: Por essa razão, vos escrevo essas coisas, estando ausente, para que, quando estiver presente, eu não use de rigor, segundo a autoridade que o Senhor me deu para edificação e não para destruição. (v. 10).
Paulo justifica ter escrito essas coisas durante sua ausência para evitar a severidade da disciplina apostólica. Anteriormente neste capítulo, ele proclamou que, se voltasse e encontrasse a igreja em estado de pecado, não pouparia ninguém (2 Coríntios 13:2). Ele estava determinado a pôr a igreja à prova com a verdade, por meio do “testemunho de duas ou três testemunhas” (2 Coríntios 13:1).
Paulo deseja que eles lidem com seus pecados antes de sua chegada, para que ele não precise usar a autoridade que o Senhor lhe deu para destruir, mas para edificar. Ao falar em destruir, Paulo provavelmente se refere à destruição de fortalezas de pensamentos errôneos, que levam ao comportamento pecaminoso. Ele falou sobre isso no preâmbulo da defesa direta de seu apostolado, abordando a guerra espiritual contra as artimanhas de Satanás.
“Derrubando raciocínios e toda altura que se levanta contra a ciência de Deus, e levando a cativeiro todo pensamento para a obediência a Cristo.”
(2 Coríntios 10:5)
A tarefa de “destruir especulações” faz parte de seu ministério apostólico. Mas ele desejava ardentemente dedicar seu tempo aos coríntios, edificando -os em conhecimento e fé em Cristo, em vez de gastar tempo refutando falsas ideias. Paulo tinha tempo limitado e não queria arar terreno já arado.
A igreja de Corinto já havia passado por vários ciclos de arrependimento. Os coríntios tiveram que lidar com a imoralidade sexual na igreja, denunciada por Paulo em sua primeira carta aos Coríntios (1 Coríntios 5:1). Paulo adiou outra visita para evitar ainda mais sofrimento, deixando-os lidar com um episódio de disciplina do qual não temos detalhes (2 Coríntios 2:7-11).
Agora Paulo escreve para defender seu apostolado porque a congregação caiu sob a influência de falsos apóstolos que praticam o engano e exploram os coríntios para seu próprio proveito (2 Coríntios 11:13, 20). Ele os exorta a se arrependerem novamente, para que, quando voltar, possa dedicar seu tempo a guiá-los rumo à plenitude da fé, vivendo a realidade de sua verdadeira identidade de estarem “em Cristo”.
Podemos observar, portanto, que o crescimento espiritual é uma jornada complexa. Paulo desafiou os coríntios, ele observou que há consequências adversas para o pecado — o julgamento de Cristo no futuro (2 Coríntios 5:9-10), bem como uma cultura tóxica e destrutiva na comunidade no presente (2 Coríntios 12:20-21). Em um nível pessoal, ele destacou a natureza autodestrutiva do pecado sexual (2 Coríntios 6:18).
Em Gálatas, Paulo observa que estar “em Cristo” nos dá o poder e a liberdade de escolha (Gálatas 5:13). Estar “em Cristo” significa que o poder da ressurreição de Cristo está dentro de nós, e nós nele (2 Coríntios 13:5). Isso nos dá o poder de vencer a influência do pecado em nosso dia a dia quando andamos pela fé (Romanos 6:7). Mas se não usarmos esse poder, estaremos andando em nós mesmos, em vez de andarmos pelo poder de Cristo em nós. Se não andarmos com Cristo em nós, viveremos de uma maneira que não é aprovada.
Vencer o pecado é um desafio diário. A carta de Paulo aos Coríntios deixa isso claro. Ele afirma que os crentes de Corinto são “santos” que estão “em Cristo” (2 Coríntios 1:1, 21). Eles são uma “epístola de Cristo” (2 Coríntios 3:3). Ele deixa claro que são crentes quando os exorta a não se deixarem “unir em laço com descrentes” (2 Coríntios 6:14).
Ele deixou claro que eles são santos ministrando a outros santos em 2 Coríntios 8-9, no que diz respeito à coleta de ofertas para os santos necessitados da Judeia. Não há, em nenhum momento, qualquer indicação de que haja dúvida de que todas as pessoas a quem Paulo escreve em Corinto não estejam "em Cristo".
Não obstante, todos eles precisam aprender a deixar de lado o eu pecaminoso e a andar no poder da ressurreição de Jesus. Todos eles precisam aprender a andar “na fé” (2 Coríntios 13:5). Todos eles precisam aprender a levar “todo pensamento cativo à obediência de Cristo” (2 Coríntios 10:5). Todos eles precisam aprender a viver a realidade de que “Jesus Cristo está neles” por meio de uma caminhada de fé (2 Coríntios 10:5).
Paulo espera que sua visita seja para edificação, para encorajar os coríntios a continuarem crescendo em sua caminhada de fé. Eles já são crentes, então Paulo quer que amadureçam.
Usado com permissão de TheBibleSays.com.
Você pode acessar o artigo original aqui.
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