
Em Jeremias 7:21-26, o profeta Jeremias - que ministrou ao povo de Judá por volta de 627-582 a.C. - transmite uma mensagem do SENHOR que desafia as formas externas de adoração. Ele começa dizendo: Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: "Acrescentem os seus holocaustos aos seus sacrifícios e comam carne" (v. 21). Essa declaração confronta o povo de Judá com o vazio da mera realização de rituais. No contexto bíblico, os holocaustos eram frequentemente deixados no altar, inteiramente dedicados a Deus. Aqui, o SENHOR essencialmente lhes diz para combinarem suas ofertas e consumi-las eles mesmos, destacando como tais atos rituais, sem obediência genuína, perdem o sentido.
A afirmação: " Acrescentai holocaustos aos vossos sacrifícios e comei carne" (v. 21) pode ser entendida como uma exposição da hipocrisia daqueles que se baseiam na piedade exterior, mas negligenciam a devoção mais profunda que Deus exige. Deus ressalta que, se seus sacrifícios não forem sinceros, eles podem tratá-los como refeições comuns. Isso ressalta uma verdade atemporal: nenhuma cerimônia religiosa pode substituir a obediência e a devoção que Deus deseja (Isaías 1:11-17).
Geograficamente, esta mensagem foi transmitida ao povo que vivia em Judá, o reino do sul, que incluía Jerusalém como capital. O ministério de Jeremias ocorreu em Jerusalém e arredores, onde se erguia o templo. A presença do templo pode ter levado o povo a acreditar que Deus estava automaticamente com eles, mas a voz profética de Jeremias os convoca a examinar seus corações e abandonar a adoração vazia.
O SENHOR prossegue explicando: " Porque não falei nem lhes ordenei, no dia em que os tirei da terra do Egito, a respeito de holocaustos ou sacrifícios" (v. 22). Sua menção ao êxodo do Egito - um evento que ocorreu por volta do século XV ou XIII a.C., dependendo da visão acadêmica - é um lembrete das origens de Israel como um povo da aliança, resgatado pelo poder de Deus. Em vez de se concentrar em um sistema de ofertas e rituais naquele estágio inicial, o principal requisito de Deus era lealdade e relacionamento.
Quando os israelitas deixaram o Egito, a ênfase estava em confiar no SENHOR, seguir Sua orientação pelo deserto e obedecer aos Seus mandamentos. Deus deixa claro que o objetivo principal nunca foi meros sacrifícios externos. Tratava-se de corações alinhados com a justiça, ecoando o tema da aliança encontrado em (Êxodo 19-20).
Jeremias 7:22 convoca os crentes a lembrar que, embora as ofertas fizessem parte do desenvolvimento do relacionamento com Deus, Seu primeiro chamado foi à obediência e à confiança. Cerimônias e práticas de adoração são abençoadas quando brotam de um coração de devoção sincera; caso contrário, tornam-se tradições vazias que não glorificam o SENHOR.
Seguindo adiante, o SENHOR declara: " Mas isto é o que lhes ordenei, dizendo: Obedeçam à minha voz, e eu serei o seu Deus, e vocês serão o meu povo; e andem em todo o caminho que eu lhes ordenar, para que tudo lhes vá bem" (v. 23). Este versículo enfatiza a fórmula da aliança: Israel deve obedecer, e Deus será seu fiel protetor. Ao prometer que as coisas lhes correriam bem, Deus ressalta a conexão entre obediência e bênção.
O contexto do antigo Oriente Próximo valorizava as alianças como acordos vinculativos. Aqui, Deus estabelece uma condição simples: andem nos caminhos que Ele estabeleceu, e o povo escolhido desfrutará do Seu favor. Este princípio, repetido em toda a Escritura, prenuncia como Cristo mais tarde chama Seus seguidores a permanecerem nEle para darem fruto (João 15:4-5).
O plano de Deus sempre envolveu dependência relacional com Ele, em vez de adesão mecânica a rituais. Essa relação de aliança, tecida ao longo da história, aponta para uma verdade espiritual mais profunda: a devoção genuína é o cerne da adoração fiel.
Jeremias relata: " Contudo, eles não obedeceram, nem inclinaram os ouvidos, mas andaram nos seus próprios conselhos e na teimosia do seu coração maligno, e andaram para trás e não para a frente" (v. 24). Essa imagem gritante de retrocesso, em vez de progresso na fé, revela o perigo da autoconfiança. Em vez de acatar a orientação do SENHOR, o povo escolheu seu próprio caminho, resultando em declínio espiritual.
Apesar de todas as intervenções e libertações milagrosas que Deus já havia demonstrado, uma desobediência deliberada tomou conta do coração do povo. Essa desobediência, explica Jeremias, não foi um lapso temporário, mas uma postura teimosa que os levou a se afastar, corroendo sua aliança com o SENHOR.
Em nosso contexto moderno, retroceder pode se aplicar àqueles que se afastam dos princípios que outrora abraçaram. Serve como um alerta sério de que a estagnação ou regressão espiritual ocorre quando as pessoas resistem ao chamado de Deus para avançar com maturidade fiel.
O profeta então os lembra: " Desde o dia em que vossos pais saíram da terra do Egito até hoje, tenho enviado a todos os meus servos, os profetas, todos os dias, madrugando e enviando-os" (v. 25). Essa constante intercessão de Deus ressalta Sua paciência e longanimidade. Longe de abandonar Seu povo, Ele continuamente enviava profetas - mensageiros que falavam em Seu nome.
Esses profetas, como Moisés, Samuel e outros que ministraram antes de Jeremias, fizeram repetidos convites ao arrependimento e ao retorno. No entanto, a recusa do povo em acatar essas mensagens revelou um padrão de desrespeito às instruções de Deus (2 Crônicas 36:15-16).
O contexto histórico coloca Jeremias entre uma longa linhagem de profetas que alertaram a nação sobre o julgamento iminente caso persistissem na infidelidade. Apesar dos repetidos avisos que remontavam a séculos, o coração de muitos em Judá permaneceu endurecido.
Por fim, Jeremias lamenta: " Contudo, não me ouviram, nem me deram ouvidos, mas endureceram a cerviz; fizeram pior do que seus pais" (v. 26). Aqui, o profeta enfatiza que a tolerância ao pecado aumentou ao longo das gerações, em vez de diminuir. Cada nova onda de infidelidade se baseava na anterior, levando Jeremias a declarar que eles haviam feito ainda mais mal do que as gerações anteriores.
A frase "endureceram a cerviz" alude a um boi teimoso resistindo ao jugo - uma ilustração adequada para pessoas que se recusam a se submeter à direção de Deus. Este versículo serve como uma ilustração de advertência de como o comportamento impenitente, se não for controlado, se arraiga com o tempo.
No entanto, mesmo em meio a essa avaliação sombria, o caráter de Deus permanece inabalável. As advertências nas Escrituras frequentemente trazem um convite ao arrependimento e à esperança de restauração, ecoando o tema de que, se o povo apenas ouvisse e se voltasse, as bênçãos da aliança fluiriam novamente.
Usado com permissão de TheBibleSays.com.
Você pode acessar o artigo original aqui.
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