
Neemias 9:16-25 continua a oração de confissão destacando a desobediência passada de Israel, dizendo : "Mas eles, nossos pais, agiram com arrogância; tornaram-se obstinados e não quiseram ouvir os teus mandamentos" (v. 16). Este versículo relembra como os ancestrais dos exilados que retornaram se recusaram a se submeter à autoridade do SENHOR, resistindo às próprias palavras que lhes ofereciam vida e propósito. Sua teimosia abriu caminho para ciclos repetidos de infidelidade, enquanto o povo lutava para permanecer leal em seu relacionamento de aliança com Deus.
O contexto desses antigos pais remonta aos anos no deserto após o êxodo do Egito. Embora aquela geração tivesse uma visão única do poder e da libertação de Deus, eles permitiram que o orgulho e a autoconfiança ofuscassem a gratidão e a confiança. Sua recusa em ouvir serve de alerta para todos os crentes, demonstrando o perigo de endurecer o coração contra a verdade de Deus.
Neemias continua: "Recusaram-se a ouvir e não se lembraram das maravilhas que fizeste entre eles; por isso, teimaram e designaram um líder para retornar à escravidão no Egito. Mas tu és Deus de perdão, gracioso e compassivo, tardio em irar-se e rico em benignidade; e não os abandonaste" (v. 17). Aqui, ele lembra que a desobediência deles era profunda, e eles até preferiram voltar à opressão a confiar no Senhor no deserto (Números 14:4). O Egito, localizado no canto nordeste da África, ao longo do rio Nilo, serviu como local de cativeiro de Israel por séculos até o êxodo ocorrer por volta de 1446 a.C. No entanto, apesar da infidelidade do povo, a natureza de Deus, gracioso, compassivo e tardio em irar-se, perdura.
Essa paciência divina exemplifica o amor inabalável que Deus demonstrou ao longo da história redentora, prenunciando a demonstração máxima de perdão encontrada em Jesus (Romanos 5:8). Embora o povo se esquecesse continuamente das maravilhas de Deus, o SENHOR nunca os abandonou. Seu caráter imutável dá esperança e confiança de que, mesmo na rebelião espiritual, Ele oferece o caminho de retorno.
Neemias relata: "Mesmo quando fizeram para si um bezerro de metal fundido e disseram: 'Este é o vosso Deus, que vos tirou do Egito', e cometeram grandes blasfêmias" (v. 18). O incidente do bezerro de fundição é um dos atos mais flagrantes de idolatria de Israel (Êxodo 32), ocorrendo logo após sua fuga milagrosa do Egito. O povo criou uma imagem de um deus falso, atribuindo-lhe poder divino em vez do Senhor que os resgatou.
Ao rotular esse ato como uma grande blasfêmia, Neemias ressalta a seriedade de recorrer à adoração falsa. Apesar de testemunharem uma libertação sobrenatural, eles ainda ansiavam por um ídolo tangível. Seu deslize revela a tendência humana profundamente enraizada de confiar no que se vê em vez de permanecer fiel a um Deus invisível. Tal infidelidade esclarece por que o arrependimento e a confissão desempenham papéis centrais na renovação espiritual encontrada na época de Neemias.
A oração continua: Tu, em tua grande compaixão, não os abandonaste no deserto; a coluna de nuvem não os abandonou durante o dia, para os guiar em seu caminho, nem a coluna de fogo durante a noite, para iluminar o caminho que deviam seguir (v. 19). O deserto era uma região árida, inadequada para grandes grupos sobreviverem sozinhos. No entanto, a presença orientadora de Deus era visualmente manifestada por uma coluna de nuvem durante o dia e uma coluna de fogo à noite, demonstrando Sua constante vigilância.
Apesar da rebelião do povo, a compaixão de Deus permaneceu evidente. Ele não retirou Sua ajuda, mesmo que O rejeitassem. Esse contraste entre os repetidos fracassos de Israel e a graça contínua de Deus aponta para Sua confiabilidade, convidando as gerações futuras a confiarem na mão orientadora do SENHOR, independentemente das dificuldades de suas circunstâncias.
Neemias acrescenta: "Deste-lhes o teu bom Espírito para os instruir, não lhes retiraste o teu maná da boca, e lhes deste água para matar a sede" (v. 20). Isso destaca múltiplas facetas da provisão de Deus: a orientação espiritual do Espírito Santo, o pão diário do céu (maná) e o suprimento sobrenatural de água. Cada elemento fala do cuidado holístico de Deus, atendendo a todas as necessidades dos israelitas durante aqueles longos anos no deserto.
A doação do maná prefigura o pão da vida que Jesus descreve como sendo (João 6:35), reforçando a ideia de que a misericórdia sustentadora de Deus não se limita à sobrevivência física, mas se estende ao alimento espiritual. Mesmo quando Seu povo foi ingrato, o SENHOR não cortou Sua bondade.
Então, Neemias diz: "Por quarenta anos os sustentaste no deserto, e não passaram necessidade; suas vestes não se gastaram, nem seus pés incharam" (v. 21). O número quarenta frequentemente significa provação ou preparação na Bíblia, e a permanência dos israelitas no deserto por quatro décadas foi um período de consequências tanto para a incredulidade quanto para a preparação para o que estava por vir.
O fato de suas roupas terem permanecido intactas e seus pés terem permanecido saudáveis ressalta a natureza milagrosa do cuidado de Deus (Deuteronômio 29:5). Embora pudessem duvidar de Suas intenções, o povo pôde olhar para trás, para esse período, e ver a misericórdia de Deus em cada detalhe. Sua sobrevivência por quarenta anos em um ambiente hostil lançou as bases para a confiança em livramentos futuros.
Neemias continua: "Também lhes deste reinos e povos, e os repartiste entre eles como território. Eles tomaram posse da terra de Seom, rei de Hesbom, e da terra de Ogue, rei de Basã" (v. 22). Essas terras ficavam a leste do rio Jordão (onde hoje é o Jordão e partes da Síria), e Seom e Ogue foram reis historicamente poderosos que resistiram à entrada de Israel na Terra Prometida (Números 21:21-35).
Ao conceder a vitória a Israel sobre esses governantes, Deus demonstrou Sua fidelidade em cumprir a promessa feita a Abraão séculos antes (por volta de 2091 a.C.). Mesmo em territórios estrangeiros, o SENHOR exerceu o controle sobre Seu povo, demonstrando que nenhum rei terreno poderia impedir Seu plano abrangente.
Neemias afirma ainda: Multiplicaste os seus filhos como as estrelas do céu, e os introduziste na terra que tinhas dito a seus pais que entrassem e a possuíssem (v. 23). Isso faz alusão à aliança de Deus com Abraão, na qual lhe foram prometidos inúmeros descendentes que herdariam a terra (Gênesis 15:5-7). A multiplicação dos israelitas e sua entrada em Canaã revelam que o cronograma de Deus pode ser mais longo do que a expectativa humana, mas Sua aliança é firme.
Essa multiplicação não se resumia apenas ao aumento populacional, mas também à garantia de força de trabalho e força para habitar e governar novos territórios. Gerações depois, Neemias e seus companheiros exilados puderam olhar para trás e lembrar que Deus de fato cumpriu o que prometeu.
Então, "seus filhos entraram e tomaram posse da terra. E subjugaste diante deles os habitantes da terra, os cananeus, e os entregaste nas mãos deles, juntamente com os seus reis e os povos da terra, para fazerem com eles o que quisessem" (v. 24). Embora a conquista de Canaã tenha trazido muitos desafios, Deus subjugou os povos locais, destacando que foi o SENHOR quem concedeu a vitória, não o próprio poder de Israel.
Essa expansão para a terra representou um novo capítulo na história de Israel. Saindo da escravidão e da peregrinação pelo deserto, o povo finalmente recebeu a confirmação tangível da promessa de Deus. No entanto, com essa dádiva veio a responsabilidade de permanecer fiel sob as novas bênçãos.
Por fim, Neemias relata: "Eles tomaram cidades fortificadas e uma terra fértil. Tomaram posse de casas cheias de todo bem, cisternas lavradas, vinhas, olivais e árvores frutíferas em abundância. Então comeram, fartaram-se e engordaram, e se deleitaram na tua grande bondade" (v. 25). Essas bênçãos destacam a abundância da Terra Prometida, desde cidades estabelecidas até a agricultura abundante. Cisternas escavadas na rocha forneciam uma fonte confiável de água, e os campos férteis atendiam a todas as necessidades físicas.
Ao celebrar essas verdades, Neemias lembra à sua geração que a abundância que eles descobrem em sua terra natal provém, em última análise, da graça do SENHOR. Embora o povo de Deus frequentemente considere as bênçãos como certas, este versículo demonstra que tais provisões são resultado direto do Seu favor.
Usado com permissão de TheBibleSays.com.
Você pode acessar o artigo original aqui.
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