
O Salmo 37:1-6 começa com: Salmo de Davi. Aqui somos apresentados a uma composição profunda atribuída a Davi, o segundo rei de Israel, que reinou de 1010 a 970 a.C. Ele experimentou tanto adversidades quanto triunfos e usou essas experiências para inspirar adoração e confiança em Deus. Embora este Salmo não mencione explicitamente um local específico, o reinado de Davi estava centrado em Jerusalém, na antiga terra de Israel, o coração físico e espiritual do seu reino. Esta nota inicial nos prepara para uma exortação a confiar no Senhor em vez de nos preocuparmos com os problemas presentes.
Em "não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que obram a iniquidade" (v. 1), o autor adverte contra uma forma de ansiedade que surge da comparação com aqueles que agem injustamente. Davi chama nossa atenção para a turbulência interna que se instala quando nos concentramos demais no sucesso aparente dos ímpios. Ao nos dizer para não invejarmos nem nos angustiarmos com aqueles que prosperam por meios injustos, o Salmo nos convida a encontrar firmeza nos propósitos mais elevados de Deus. Há aqui um lembrete de que os ganhos passageiros obtidos por meio de más ações são insignificantes em comparação com um relacionamento inabalável com Deus.
A atitude incentivada neste versículo reflete o ensinamento mais amplo das Escrituras, que contrasta a riqueza e o poder mundanos com o valor duradouro da justiça divina. Jesus ensinou que os tesouros terrenos podem ser destruídos ou roubados, exortando as pessoas a buscarem primeiro o reino de Deus (Mateus 6:33). Nesse mesmo espírito, Davi aqui incentiva uma perspectiva fundamentada no caráter de Deus, em vez dos altos e baixos da prosperidade terrena.
Em "pois cedo serão ceifados como a relva e murcharão como a erva verde" (v. 2), o Salmo enfatiza a natureza efêmera do aparente sucesso dos malfeitores. Assim como a grama e as ervas no clima quente do antigo Israel secavam rapidamente sob o sol escaldante, também a prosperidade exterior dos transgressores logo desaparecerá. Essa imagem vívida teria ressoado profundamente com as pessoas que viviam da terra, onde as colinas verdejantes podiam ficar marrons em poucos dias, ressaltando a glória temporária das atividades pecaminosas.
Essa imagem incentiva os crentes a manterem os olhos na perspectiva eterna. Substituir a inveja pela confiança impede que a pessoa se deixe levar pela urgência e tensão das lutas de curto prazo. A certeza do tempo de Deus fomenta a paciência, lembrando-nos de que a queda dos ímpios, se não se arrependerem, é inevitável em Seu plano justo.
Em “confia em Jeová e faze o bem; habita na terra e segue a fidelidade” (v. 3), Davi oferece uma alternativa construtiva à preocupação. A confiança substitui a ansiedade e impulsiona o crente a praticar atos de justiça. A expressão “habite na terra” expressa uma confiança inabalável na provisão de Deus, enquanto “cultive a fidelidade” aponta para o compromisso constante, dia após dia, de viver retamente, independentemente da oposição.
Seguir a Deus dessa maneira envolve encontrar segurança em Suas promessas em vez de ser consumido pelas circunstâncias. Esse chamado à confiança e à obediência é um tema comum nas Escrituras, visto também quando Jesus exorta Seus seguidores a viverem retamente, independentemente das pressões externas (Mateus 5:10). Os crentes são convidados a fazer morada em Sua fidelidade e a contribuir para o bem no mundo ao seu redor.
Em "assim te deleitarás em Jeová, e ele concederá os desejos do teu coração" (v. 4), o Salmo destaca uma bela troca: quando nossa alegria suprema está em Deus, nossos corações se alinham com a Sua vontade, e podemos esperar que a Sua justiça molde nossos desejos. Em vez de ver isso como uma fórmula para ganho material, as palavras de Davi encorajam uma verdadeira transformação do coração, onde o deleite em Deus leva a desejos renovados que O honram.
Tal alegria não ignora a tristeza ou a injustiça, mas eleva nossos corações para além dos problemas imediatos, encontrando uma satisfação mais profunda na comunhão com o Todo-Poderoso. Quando o Senhor é a nossa alegria, nossos valores se transformam e começamos a buscar os mesmos sonhos moldados pelo Evangelho que Jesus ensinou: amar a Deus, demonstrar misericórdia e compartilhar a esperança (Lucas 10:27).
Em “entrega a Jeová o teu caminho; põe também nele a confiança, e ele fará” (v. 5), o Salmo enfatiza a necessidade de uma entrega mais completa. “Entregue o seu caminho” significa literalmente “rolar” sua jornada sobre o Senhor, uma descrição poética de entregar todos os nossos planos, lutas e ambições aos cuidados de Deus. Ao depositarmos nossa confiança nele, reconhecemos seu senhorio sobre todos os aspectos de nossas vidas e esperamos que ele aja em nosso favor.
Este versículo também reforça a lição de que a fé é uma dependência ativa da fidelidade de Deus, e não apenas uma concordância mental passiva. Por meio da dependência de Sua sabedoria, aprendemos gradualmente que o poder de Deus se manifesta em nós à medida que confessamos nossas próprias limitações e confiamos em Seu plano perfeito, o que nos impulsiona a permanecer fiéis, seja na bênção ou no desafio.
Finalmente, em "sim, ele fará sair como a luz a tua retidão e, como o meio-dia, o teu direito" (v. 6), o Salmo promete que Deus provará a retidão daqueles que confiam e se entregam a Ele. Como o sol que nasce em todo o seu esplendor, a integridade do crente será evidenciada pela vindicação de Deus. Essa imagem gloriosa sugere que todas as sombras de dúvida ou deturpação serão, em última análise, dissipadas.
Nas páginas do Novo Testamento, vemos a culminação dessa mesma esperança, onde Cristo exemplifica uma luz perfeita que dissipa as trevas (João 8:12). Andar com Deus, portanto, antecipa um dia em que a verdade de uma vida de fé será revelada. Repousar nessa esperança liberta os crentes do ciclo destrutivo da inveja e da preocupação, permitindo que se concentrem, em vez disso, na bondade imutável de Deus.
Usado com permissão de TheBibleSays.com.
Você pode acessar o artigo original aqui.
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