
No Salmo 38:13-22, Davi, que reinou como o segundo rei de Israel de aproximadamente 1010 a 970 a.C., continua seu apelo a Deus, reconhecendo sua impotência diante daqueles que se opõem a ele. Ele diz: Eu, porém, como um surdo, não ouço e sou como um mudo que não abre a boca (v. 13). Em sua angústia, Davi escolhe o silêncio em vez da autodefesa, indicando que sua esperança não reside em suas próprias palavras, mas na intervenção de Deus. Por meio dessa postura humilde, Davi ressalta a dolorosa realidade de se sentir incapaz de responder aos ataques cruéis, confiando que somente Deus pode trazer verdadeira vindicação.
Ele expande esse pensamento declarando: Sou, de feito, como quem não ouve e em cuja boca não há com que replicar (v. 14). A sensação de solidão e isolamento aumenta aqui. Davi se retrata como alguém incapaz de se defender, reforçando sua submissão ao Senhor. Embora seus inimigos possam lançar acusações, Davi permanece em silêncio, entregando-se à misericórdia de Deus, que ouve toda oração silenciosa (Salmo 34:15). É uma imagem de humildade, mostrando a recusa de Davi em enfrentar o mal em seus próprios termos e seu compromisso com a justa confiança no Senhor.
Em uma postura de expectativa, Davi confessa: Pois por ti, Jeová, espero; tu responderás, Senhor, Deus meu (v. 15). Apesar de se sentir sobrecarregado, ele proclama com confiança que Deus o ouve e irá respondê-lo. Essa confiança oferece uma lição vital: mesmo quando a adversidade nos silencia, podemos descansar na certeza de que Deus percebe cada clamor silencioso. A fé de Davi, testada pelas dificuldades, o aproxima ainda mais Daquele que o sustenta. De fato, ao longo da narrativa bíblica, a esperança em Deus serve como âncora para a alma (Hebreus 6:19), permitindo que os crentes suportem as dificuldades com perseverança.
Continuando, Davi suplica: Porque eu dizia: Não suceda que eles se regozijem sobre mim. Quando resvala o meu pé, eles se engrandecem contra mim (v. 16). Ele admite abertamente a possibilidade de tropeçar, reconhecendo a fragilidade de sua própria força. Seus inimigos, movidos pelo desejo de vê-lo cair, buscam motivos para se vangloriar. Contudo, o pedido de Davi é que Deus impeça o triunfo deles. Ao apelar para a proteção do Senhor, ele deposita plena confiança em Seu poder para sustentá-lo (Salmo 37:23-24). O rei ora para que Deus guarde tanto seu caminho quanto sua reputação, reconhecendo que qualquer deslize de sua parte poderia encorajar seus adversários.
Sua vulnerabilidade se intensifica quando Davi admite: Pois eu estou prestes a tropeçar, e a minha dor está sempre diante de mim (v. 17). Aqui, ele confessa que está à beira do colapso, sobrecarregado por uma tristeza implacável. A linguagem expressa o estresse cumulativo — emocional, físico e espiritual. Serve como um lembrete de que o Senhor acolhe o lamento sincero, permitindo que Seus filhos derramem suas tristezas diante Dele (Salmo 62:8). Quando os crentes admitem sua fragilidade, abrem a porta para que a força de Deus flua para as áreas vulneráveis de suas vidas (2 Coríntios 12:9).
Então Davi reconhece outro aspecto crucial de seu problema, dizendo: Porquanto declararei a minha iniquidade; serei contristado por causa do meu pecado (v. 18). Este versículo destaca que seus sofrimentos não são apenas externos, mas também internos, em parte devido às suas próprias transgressões. Davi exemplifica o princípio bíblico de reconhecer o próprio pecado e se arrepender (1 João 1:9). Ao abordar a causa espiritual de parte de sua angústia, ele busca a reconciliação com Deus, o que é vital para a verdadeira restauração. A confissão e o arrependimento são fundamentais para um relacionamento saudável com o Senhor, lembrando-nos de que Deus está sempre pronto para perdoar.
Mudando o foco, Davi lamenta a intensidade de sua oposição, observando: Mas os meus inimigos são cheios de vida e são fortes; e muitos são os que, sem causa, me odeiam (v. 19). Apesar de sua culpa pessoal, Davi também sofre animosidade injusta. A linguagem enfatiza como seus adversários cresceram em número e poder, aumentando o peso de sua angústia. Mesmo assim, ele permanece firme em sua confiança em Deus, demonstrando que a presença de numerosos inimigos não diminui a capacidade e a disposição do Senhor em ajudá-lo.
Davi enfatiza a traição que enfrenta: Também os que tornam o mal pelo bem são meus adversários, porque sigo o que é bom (v. 20). Essa traição indica que ele é perseguido especificamente por sua devoção à justiça. Receber dano em troca do bem revela a depravação moral que Davi enfrenta. Aqui vemos uma prefiguração de Cristo, que conheceu a traição e o ódio injustificado (João 15:25). Mesmo assim, o coração de Davi permanece firme em seguir o caminho de Deus, confiando na justiça do Senhor para acertar as contas quando sua bondade é recebida com hostilidade imerecida.
Então, ele faz um apelo direto, dizendo: Não me desampares, Jeová; Deus meu, não te apartes de mim (v. 21). Sentindo a gravidade da luta, Davi clama urgentemente pela proximidade de Deus. Esse clamor sincero ressoa nos crentes que já sentiram a necessidade de uma confirmação imediata da presença de Deus. As Escrituras afirmam consistentemente que o Senhor se aproxima daqueles que o invocam (Salmo 145:18). Davi anseia pela proximidade de Deus, reconhecendo que somente o Advogado de sua alma pode lhe proporcionar alívio duradouro da angústia.
Finalmente, confiante no poder salvador do Senhor, Davi declara: Apressa-te a me socorrer, Senhor, minha salvação (v. 22). Este último apelo ressalta a dependência absoluta: somente Deus é o socorro, a saúde e a libertação de Davi. A frase expressa uma expectativa urgente, revelando a importância de confiar no tempo de Deus. A postura de Davi encoraja todo crente a lançar seus fardos sobre o Senhor, antecipando Seu auxílio rápido e soberano (1 Pedro 5:7). O salmo termina com a serena certeza de que o Senhor, de fato, tem o poder de renovar, curar e libertar todos aqueles que depositam sua esperança Nele.
Usado com permissão de TheBibleSays.com.
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