
Em 1 Coríntios 3:5-9, Paulo deixa claro que ele e Apolo são vistos corretamente como servos de Deus, e não como homens a serem servidos. Paulo inicia esta seção perguntando: Que é, então, Apolo? E que é Paulo? Servos por quem crestes, e isso, conforme o Senhor deu a cada um. (v.5).
O apóstolo Paulo enfatiza que tanto ele quanto Apolo são meros instrumentos usados por Deus. Apolo era um cristão judeu de Alexandria, ativo em meados do primeiro século d.C. Ele era um hábil mestre das Escrituras (Atos 18:24-28). Ao fazer a pergunta: "Que é, então, Apolo? E que é Paulo?", Paulo ressalta que nem ele nem Apolo têm a importância suprema.
Em vez disso, são simplesmente servos por meio dos quais vocês creram. Embora os crentes em Corinto estejam atualmente defendendo diferentes líderes humanos, Paulo os lembra de que é o Senhor quem concede o ministério e a eficácia de cada um, Paulo os está direcionando para Cristo e não para os homens.
É notável que isso ainda seja uma questão para os coríntios quando Paulo escreve 2 Coríntios. Isso demonstra que a) é uma tendência humana seguir pessoas em vez de buscar a Deus e b) é preciso considerável maturidade para olhar além dos indivíduos e servir principalmente a Deus. Podemos ver isso em 2 Coríntios 12:19. Paulo passou grande parte do período entre 2 Coríntios 10:1 e 12:19 defendendo seu apostolado, comparando-o a outros "falsos apóstolos" (como ele os chama em 2 Coríntios 11:13). Ele repetidamente chamou esse processo de "loucura" porque se concentrava em "eu contra eles" em vez de se concentrar em Cristo. Paulo finalmente diz:
“Há muito, pensais que nós nos desculpamos para convosco. Perante Deus em Cristo falamos; mas todas as coisas, amados, são para a vossa edificação.”
(2 Coríntios 12:19)
Mesmo durante o processo de "gloriar-se" contra seus oponentes apostólicos em 2 Coríntios 10-12, Paulo o fazia de uma maneira que era "falar em Cristo; e tudo para a vossa edificação" em Cristo. O foco consistente de Paulo em ambas as suas cartas aos Coríntios é fazer com que eles se concentrem em buscar a aprovação de Cristo por meio da obediência da fé, em vez de buscar a aprovação dos homens (2 Coríntios 5:10).
Ao descrever a si mesmo e a Apolo como servos, Paulo descarta o senso de rivalidade que alguns em Corinto aparentemente tentaram criar. Servos no contexto bíblico não são donos ou senhores competindo por seguidores, em vez disso, eles são mordomos de seu Mestre, que é Cristo. Aqueles que são crentes em Jesus são consistentemente chamados de Seus “servos” (Atos 4:29, 16:17, 2 Coríntios 4:5, Filipenses 1:1, João 18:36, Apocalipse 1:1, 3:1, 10:7, 19:5, 22:3). A coisa apropriada para um servo se concentrar é ser um mordomo fiel ao servir seu mestre.
Da mesma forma, os líderes da igreja devem se ver como administradores de um chamado divino, não como fontes de aclamação pessoal. Paulo se aprofundará nesse tópico no Capítulo 9 (veja, por exemplo, 1 Coríntios 9:16-17).
Essa mesma atitude se estende a todos os crentes: seja na liderança do lar, da comunidade ou do local de trabalho. A fidelidade ao chamado de Deus tem prioridade sobre o desejo de chamar a atenção dos homens. Como Paulo afirma em Colossenses 3:23-24, tudo o que fazemos deve ser feito para agradar ao Senhor Cristo, isso porque, em última análise, todos prestarão contas a Cristo por seu serviço, assim como os servos na "Parábola dos Talentos" de Jesus prestaram contas por sua mordomia (Mateus 25:14-30).
Além disso, Paulo afirma que Deus deu oportunidade a cada um, neste caso falando de Paulo e Apolo. Como vemos em Efésios 2:10, é Deus quem cria uma "descrição de função" (por assim dizer) para cada crente. Ele designou boas obras para eles praticarem e os equipará e capacitará para realizá-las.
Visto que Deus atribuiu as obras a Paulo e Apolo, a responsabilidade deles cabe a Deus, não aos coríntios. E, como Paulo logo afirmará, cada um dos coríntios deveria adotar a mesma mentalidade. Em vez de julgar os outros (neste caso, Paulo ou Apolo é o mais adequado), eles deveriam se preocupar com a forma como serão julgados por Cristo no juízo (1 Coríntios 3:13-14, 2 Coríntios 5:10).
Em seguida, Paulo observa que seu trabalho ministerial estava em unidade com o de Apolo; ambos eram fiéis em cumprir suas funções designadas como ministros de Deus: Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento (v.6).
Eles são companheiros de equipe na realização de uma missão compartilhada: plantar e cultivar o crescimento espiritual nos crentes em Corinto. Paulo emprega a imagem agrícola de plantar e regar para mostrar que o trabalho espiritual significativo envolve múltiplos papéis e etapas. Paulo fundou a igreja de Corinto inicialmente levando-lhes as boas novas de Jesus, ele plantou a semente do evangelho em seu meio, que germinou em uma fé inicial, eles eram "crianças em Cristo", recém-nascidos na família de Deus como filhos de Deus (1 Coríntios 3:1).
Mais tarde, Apolo veio, regando a semente do evangelho por meio de ensinamentos e encorajamento adicionais, com o propósito de facilitar o crescimento espiritual deles (Atos 18:27-28). Paulo e Apolo não devem ser comparados, pois desempenhavam papéis diferentes, ambos serviam em uma missão como para o Senhor e ambos tinham como objetivo guiar os coríntios na direção de seguir a Cristo.
Como aplicação, vemos que os crentes precisam de alimento contínuo por meio do ensino, da comunhão e da oração. No entanto, a diligência humana é um instrumento para o Senhor realizar a obra, pois Deus deu o crescimento. Os crentes podem realizar "todas as coisas" por meio de Cristo, que provê a força (Filipenses 4:13).
Ao mesmo tempo, sem permanecer em Cristo, não podemos produzir nada de valor real (João 15:5). A fonte de poder para todo crescimento espiritual é Deus por meio de Cristo. Paulo continua esse tema afirmando: de modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento (v.7).
Por meio desse versículo, Paulo aborda qualquer inclinação à vanglória e desvia a atenção dos líderes humanos para a verdadeira fonte do impacto ministerial, que é Deus. Se Deus é o criador e sustentador supremo da vida espiritual, então os vasos humanos são significativos apenas na medida em que permanecem entregues a Ele.
Novamente, Paulo argumenta que não há base para seguir humanos; em vez disso, cada pessoa deve seguir a Deus. Paulo explica ainda: Ora, o que planta e o que rega são uma mesma coisa, porém cada um receberá a sua recompensa, segundo o seu trabalho. (v. 8).
Embora Paulo e Apolo desempenhassem papéis distintos, onde um planta e o outro rega, eles são um. Isso significa que são companheiros de equipe que compartilham um propósito comum, o propósito comum específico neste caso é estabelecer e equipar os crentes coríntios para compreender e viver sua nova identidade em Cristo por meio de uma caminhada de fé em Cristo, isso significa seguir Seus mandamentos e crer que Seus caminhos são para o nosso bem.
Paulo se aprofundará neste tópico mais tarde, no Capítulo 12. Lá, ele usará a metáfora de um "corpo" que tem "muitos membros", mas é "um só corpo", que é o corpo de Cristo (1 Coríntios 12:12) cada crente tem um dom espiritual. Assim como o corpo humano precisa que cada um de seus membros cumpra sua função para que funcione adequadamente, o corpo de Cristo precisa que cada membro contribua com seus dons, para o "bem comum" (1 Coríntios 12:7).
Paulo observa que cada um receberá a sua recompensa, segundo o seu trabalho (v. 8). Ao dizer isso, Paulo está novamente pedindo aos coríntios que parem de julgar quem é melhor a seguir: Paulo ou Apolo, e, em vez disso, se concentrem em sua própria fidelidade a Cristo. Não cabe a eles julgar os outros, mas sim serem fiéis quando forem julgados por Cristo (1 Coríntios 3:14-15, 2 Coríntios 5:10).
A natureza básica do conflito é comparativa ("Eu sou melhor do que vocês"), neste caso, as "equipes" são a equipe "Eu sigo Apolo" e a equipe "Eu sigo Paulo" (1 Coríntios 3:4) adisputa é "Um é superior ao outro", Paulo rejeitou essa comparação por considerá-la totalmente inútil e espiritualmente imatura, em vez disso, ele está pedindo que mudem completamente de perspectiva. Em vez de "Como posso mostrar minha superioridade sobre outro?", Paulo exorta os coríntios a perguntarem: "O que estou fazendo para que Cristo julgue como sendo as obras de um mordomo fiel no dia do Seu julgamento?"
Paulo quer que os crentes de Corinto parem de se comparar com os outros e, em vez disso, meçam sua própria fidelidade como administradores do ministério que lhes foi confiado por Cristo. Cada crente receberá de Jesus sua própria recompensa, que será baseada em seu próprio trabalho. Isso significa que:
Em nada disso Paulo questiona se esses crentes coríntios foram justificados aos olhos de Deus. Paulo reconhece que esses crentes são novas criaturas em Cristo, dizendo : "Pois nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus, edifício de Deus " (v. 9).
Ao chamar os coríntios de "lavo de Deus" e "edifício de Deus", Paulo deixa claro que estes são crentes em Cristo, feitos um com Cristo. Toda esta carta é escrita partindo da premissa de que todos esses crentes estão em Cristo e fazem parte do Corpo de Cristo. Ser colocado no corpo de Cristo é uma questão de fé simples, independente de obras (Efésios 2:8-9, João 3:14-15).
O tema em questão são as recompensas de Jesus pelas obras (cada um receberá a sua recompensa de acordo com o seu próprio trabalho). Os crentes não serão recompensados pelo trabalho daqueles que seguem. Eles não serão recompensados pelo trabalho de seus pais ou filhos. Em vez disso, cada um será recompensado por Jesus de acordo com o seu próprio trabalho.
Ao se autodenominar e a Apolo como cooperadores, Paulo afirma a responsabilidade compartilhada e a parceria com Deus. Dando continuidade à metáfora agrícola de plantar e regar, Paulo compara os crentes coríntios ao campo de Deus. Paulo e Apolo são trabalhadores no campo, ou seja, o grupo de crentes em Corinto que pertence a Deus.
Agora, Paulo introduz uma nova metáfora que usará para expandir a noção de ministério compartilhado, observando que os coríntios são como o edifício de Deus. Paulo e Apolo são como uma equipe de construção trabalhando no edifício que é a assembleia dos crentes em Corinto. Mas, como veremos, os crentes em Corinto também são companheiros de trabalho e terão o papel de contribuir para a construção do edifício por meio de suas próprias obras.
É provável que Paulo esteja usando metáforas de edifícios porque Corinto era uma cidade rica, com inúmeros edifícios impressionantes, incluindo templos dedicados a deuses pagãos. Também veremos Paulo expandir a metáfora dos edifícios em 1 Coríntios 3:16 para afirmar que cada crente é um "templo de Deus" porque "o Espírito de Deus habita em vocês". Isso enfatiza ainda mais que Paulo está falando a um grupo de pessoas que creram em Jesus e são habitadas pelo Espírito Santo.
Esta é uma perspectiva importante, porque os avisos que se seguem são suficientemente preocupantes para que os crentes possam ser inclinados a pensar: "Ele deve estar falando com alguém que não crê". Mas é precisamente a intenção de Paulo mudar o foco dos coríntios de uma postura de julgamento ("É melhor seguir Paulo ou Apolo?") para uma de ser julgado ("O que Jesus dirá das minhas ações? E as minhas ações suportarão o fogo do Seu julgamento?")
Na próxima seção, Paulo concentrará nossa atenção no tribunal de Cristo, onde as ações realizadas pelos crentes enfrentarão o escrutínio do Seu fogo julgador.
Usado com permissão de TheBibleSays.com.
Você pode acessar o artigo original aqui.
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