
1 Reis 1:22-27 começa com: "Eis que, enquanto ela ainda falava com o rei, entrou o profeta Natã" (v. 22). Aqui, vemos uma interrupção dramática na corte real em Jerusalém. Bate-Seba está em meio ao seu apelo ao rei Davi, que já está em idade avançada, e Natã chega inesperadamente. Esse evento ocorre perto do fim do reinado de Davi, por volta de 970 a.C., época em que a questão da sucessão era urgente. Muitos no palácio sabiam que a saúde de Davi estava debilitada e se apressavam para garantir que o herdeiro legítimo fosse estabelecido.
O profeta Natã se destaca como uma figura fundamental, não apenas por ter confrontado Davi anteriormente sobre suas falhas morais (2 Samuel 12), mas também por ser o portavoz de Deus na administração real de Davi. Sua chegada oportuna ressalta a urgência do momento e a importância de seu papel na confirmação do verdadeiro herdeiro. Ao chegar exatamente quando BateSeba faz seu apelo, Natã se coordena com ela para confirmar a ameaça representada pela presunçosa tomada de poder por Adonias.
Essa cena reforça ainda mais a ideia de que Natã é um conselheiro de confiança que deseja proteger tanto o legado de Davi quanto o plano divino em curso. A estabilidade do reino está em risco se um usurpador tomar o trono, e a entrada de Natã é um sinal de que os instrumentos escolhidos por Deus se manifestarão exatamente no momento certo. Sua presença confere credibilidade e influência imediatas ao apelo de BateSeba perante o monarca enfermo.
Em seguida, lemos : "Disseram ao rei: 'Eis aqui o profeta Natã'. E quando ele entrou na presença do rei, prostrouse diante dele com o rosto em terra" (v. 23). Vemos, então, como Natã saúda Davi de maneira apropriada. O costume de se curvar profundamente significa tanto reverência quanto reconhecimento da autoridade de Davi, mesmo em sua condição debilitada. Isso demonstra que, embora Natã possua autoridade divina como profeta, ele também respeita o ofício terreno do rei ungido de Israel.
A completa humildade de Natã diante de Davi serve de exemplo de lealdade à liderança estabelecida por Deus. Também cria uma atmosfera solene na qual Davi pode compreender a seriedade do relatório que está prestes a receber. Em vez de usar uma exigência autoritária, Natã se aproxima com a cortesia apropriada para a relação entre profeta e rei.
Por meio desse simples ato de se curvar, observamos uma ordem da aliança no reino de Israel: Deus, por meio de Seus profetas, guia Seu líder escolhido. Por sua vez, o líder reconhece humildemente que está sob a orientação divina. A atitude de Natã prepara Davi para acatar a mensagem sobre a crise de sucessão que se desenrola na corte real.
Continuando, Natã disse: “Meu senhor, o rei, disseste: ‘Adonias será rei depois de mim e se assentará no meu trono’?” (v. 24). Natã questiona diretamente Davi sobre o autoproclamado reinado de Adonias. Historicamente, Adonias é o quarto filho de Davi (nascido nos primeiros anos do reinado de Davi) e aproveitouse da fragilidade do rei para se coroar. A pergunta de Natã força Davi a esclarecer se ele próprio autorizou essa ação.
O tom respeitoso de Natã (chamando Davi de "meu senhor") ainda carrega o peso de um desafio. Ele quer que o rei esclareça a questão rapidamente. Como profeta, ele não pode permitir que rumores e confusão imperem sem controle. Ele sabe que os propósitos da aliança de Deus exigem que o trono passe para o líder adequado, que, de acordo com promessas anteriores, deveria ser Salomão (1 Crônicas 22).
Ao dirigirse a Davi de maneira direta, porém respeitosa, Natã prepara o terreno para a resposta decisiva de Davi. Caso Davi confirme a reivindicação de Adonias, Natã cederá. Mas se Davi a negar, uma ação corretiva imediata deverá ser tomada para instalar o herdeiro legítimo, impedindo um golpe perigoso e preservando o plano divino.
Em seguida, o versículo 25 descreve a cena das suntuosas festividades de Adonias. Esses sacrifícios e banquetes geralmente acompanham as celebrações de coroação, que ocorrem em locais importantes perto de Jerusalém, possivelmente perto da pedra de Zohelete ou EnRogel, nos arredores da cidade. Reunir importantes líderes militares e sacerdotes é a estratégia de Adonias para obter legitimidade.
No antigo Israel, esses banquetes sacrificiais frequentemente marcavam a unção ou a declaração pública de um novo rei, simbolizando o apoio divino e comunitário. Abiatar, o sacerdote que outrora servira a Davi, agora apoia Adonias, o que intensifica o sentimento de traição. A presença de generais do exército demonstra o potencial de poder militar por trás desse aspirante a novo rei.
A expressão “Viva o Rei Adonias!” ecoa nos ouvidos daqueles que ainda são leais a Davi. Natã relata isso a Davi com uma urgência discreta, deixando claro que o pretendente rival está ativamente consolidando apoio. Sem a resposta rápida de Davi, toda a nação poderia ver Adonias confirmado antes mesmo do legítimo herdeiro ser anunciado.
Continuando a revelação, “Mas a mim, a mim mesmo, teu servo, e a Zadoque, o sacerdote, e a Benaia, filho de Joiada, e a teu servo Salomão, ele não convidou” (v. 26), demonstrase que Adonias excluiu cuidadosamente figuraschave. Zadoque, o sacerdote, que mais tarde ungiria Salomão, está visivelmente ausente da reunião. Benaia, um valente guerreiro do círculo íntimo de Davi, também não é convidado, revelando que Adonias visa marginalizar os apoiadores mais leais tanto de Davi quanto de Salomão.
Natã se autodenomina “teu servo”, um lembrete de que ele está sob as ordens de Davi, reafirmando a autoridade deste. Sua repetição de “até eu, teu servo” enfatiza a importância de quem é deixado de fora. As intenções de Adonias ficam expostas: ao omitir esses indivíduos cruciais, especialmente Salomão, ele efetivamente declara um novo regime sem eles.
Esse detalhe prenuncia o confronto que está por vir. O apoio tradicional a Salomão ainda existe, e muitos dos aliados devotados de Davi permanecem leais. Ao visar apenas aqueles que poderiam endossar a reivindicação de Salomão, Adonias demonstra que sua tentativa é uma afronta tanto a Davi quanto às promessas divinas ligadas ao futuro reinado de Salomão.
Finalmente, a pergunta “Acaso meu senhor, o rei, fez isso sem que vocês mostrassem aos seus servos quem deveria se sentar no trono de meu senhor, o rei, depois dele?” (v. 27) resume a questão de forma sucinta: o ato de Adonias é legítimo? Davi é questionado diretamente se mudou de ideia secretamente e nomeou Adonias como herdeiro sem contar a Natã e aos outros. Este momento coloca Davi sob os holofotes. Ele precisa confirmar ou contestar a reivindicação de Adonias.
Ao questionar por que Davi não havia "mostrado" o plano aos seus servos, Natã ressalta a importância da transparência pública. Um profeta respeitado e outros oficiais leais deveriam ter sido informados de uma decisão tão importante. O sigilo na transferência do trono criaria instabilidade e desconfiança em todo o reino. Este versículo final prepara o terreno para a ação imediata de Davi.
A gravidade da pergunta de Natã reflete a tensão mais ampla presente nesses capítulos: o destino da dinastia davídica depende da resposta do rei idoso. A aliança de Deus de levantar um dos filhos de Davi como governante permanente (2 Samuel 7) está em jogo. Nos versículos seguintes, Davi precisa esclarecer quem herdará legitimamente seu trono, garantindo que a promessa de Deus permaneça intacta.
Usado com permissão de TheBibleSays.com.
Você pode acessar o artigo original aqui.
The Blue Letter Bible ministry and the BLB Institute hold to the historical, conservative Christian faith, which includes a firm belief in the inerrancy of Scripture. Since the text and audio content provided by BLB represent a range of evangelical traditions, all of the ideas and principles conveyed in the resource materials are not necessarily affirmed, in total, by this ministry.
Loading
Loading
| Interlinear |
| Bibles |
| Cross-Refs |
| Commentaries |
| Dictionaries |
| Miscellaneous |