
O capítulo 5 termina com esta afirmação: Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós, para que nós nos tornássemos justiça de Deus nele. (2 Coríntios 5:21).
Este versículo é profundo, ele começa com "Àquele que... o fez", aqui, o pronome oculto "Ele" se refere a Deus. Deus fez, significando que era o plano ativo de Deus que Jesus morresse pelos nossos pecados. Era a vontade de Deus que Jesus morresse pelos pecados do mundo, e Jesus foi obediente à vontade de Seu Pai e veio à Terra para cumprir esse propósito (Filipenses 2:2-8, Hebreus 10:7, Salmo 40:7-8).
Deus criou Aquele (Jesus) que não conheceu pecado. Jesus viveu como nós, sendo tentado como nós, mas sem pecado (Hebreus 4:14-15). João explica de forma simples: “Sabeis que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não há pecado.” (1 João 3:5).
Jesus não tinha pecado, embora fosse plenamente Deus e plenamente homem (João 1:1-18). Como, então, Ele se tornou pecado em nosso lugar? A resposta é que Jesus levou nossos pecados sobre Si quando foi pregado na cruz. Paulo escreve aos Gálatas:
“Cristo nos remiu da maldição da Lei, tornando-se maldição por nós, porque está escrito: Maldito todo aquele que é pendurado no madeiro.”
(Gálatas 3:13)
Jesus foi pendurado em um madeiro quando foi pregado na cruz, Ele tomou sobre Si a maldição do pecado. Quando Jesus clamou: "Meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste?" (Mateus 27:46), podemos inferir que isso se deu porque Ele estava separado de Seu Pai enquanto tomava sobre Si os pecados do mundo (Colossenses 2:14). Para mais informações sobre as últimas palavras de Jesus na cruz, leia nosso artigo "Uma Palavra de Desolação".
Morte é separação, e o pecado traz morte. Jesus assumiu não apenas a morte física, mas também a separação de Seu Pai ao carregar os pecados do mundo, Ele carregou nossos pecados na cruz; toda a nossa culpa e vergonha.
Há uma convulsão cósmica enquanto Cristo luta com o inimigo: trevas sobre a terra, o véu rasgando-se no templo, terremotos enquanto a terra tremia, rochas se partiam e sepulcros se abriam (Mateus 27:51-53). Jesus, plenamente consciente do que estava enfrentando, assumiu nossos pecados e os carregou, compreendendo e suportando uma dor que não podemos compreender. Ele se fez pecado por nós. Essa é uma verdade surpreendente, mas não para por aí, Jesus veio para tirar nossos pecados, mas há mais no que Ele fez por nós.
Para que nós nos tornássemos justiça de Deus nele (v. 21). A palavra justiça traduz a palavra grega “dikaiosyne”, que expressa a ideia de que todas as coisas cooperam em harmonia, de acordo com o seu desígnio. Quando os humanos caíram, nos separamos do bom desígnio de Deus, que era a morte, assim como a morte é separação, isso afetou toda a raça humana (Romanos 3:10).
Mas Jesus veio para nos libertar (ou salvar) deste estado decaído. Nele, podemos nos apropriar pela fé da justiça de Deus, isso, porém, não acontece à parte de Deus. A queda original da humanidade se deveu à nossa decisão de buscar nosso próprio caminho, à parte de Deus e de Seu plano. Agora podemos ser restaurados ao nosso projeto original e ganhar a justiça de Deus, mas isso acontece n'Ele.
O fato de ganharmos a justiça de Deus n'Ele ressalta que essa restauração não emana de nós, mas é uma dádiva. Como Paulo diz em Efésios:
“Pois pela graça é que sois salvos, mediante a fé; e isso não vem de vós; é o dom de Deus; 9não de obras, para que ninguém se glorie.”
(Efésios 2:8-9)
É n'Ele, por meio da Sua graça, que recebemos a reconciliação com Deus. Mas, como Paulo enfatizou anteriormente neste capítulo, esse grande favor/graça que Deus nos concede vem acompanhado de uma grande responsabilidade. Estamos n'Ele pela graça, mas Deus nos torna uma nova criação n'Ele com um propósito (2 Coríntios 5:17). Esse propósito é realizar as obras que Ele preparou para nós (Efésios 2:10). Jesus nos julgará e nos recompensará com base em nossa fidelidade, ou falta dela, durante nossa vida na Terra (2 Coríntios 5:10).
A justiça é tanto uma ação de Deus que estabelece nossa posição n'Ele quanto um estado de ser, uma condição de comunhão. Em termos de nossa posição, ela é estabelecida permanentemente como sendo plenamente reconciliados com Deus por meio de Cristo. Este foi o caso de Abraão, que creu e isso lhe foi creditado como justiça (Romanos 4:3, 21-22). Isso é algo que Deus faz, independentemente de nossas obras ou feitos. Nossa posição em Cristo como uma nova criação é assegurada permanentemente por meio de Sua obra, não por meio de nossa obra.
É diferente com a nossa condição, o status da nossa condição ou comunhão com Deus depende das nossas ações e isso é refletido pelo apóstolo João em sua primeira carta, onde ele escreve:
“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda injustiça.”
(1 João 1:9)
Isso é semelhante à declaração feita por Jesus no Sermão da Montanha, quando Ele disse:
“Pois, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará; mas, se não perdoardes aos homens, tão pouco vosso Pai perdoará as vossas ofensas.”
(Mateus 6:14-15)
Esses versículos falam do status da comunhão, da intimidade relacional que reflete a condição da nossa comunhão uns com os outros. A ideia básica é que, se não estivermos dispostos a perdoar uns aos outros, isso mancha nossa capacidade de ter comunhão com qualquer pessoa, inclusive com Deus, portanto, nossa posição em Cristo é estabelecida unicamente por Deus, por meio de Sua graça, enquanto a condição da nossa comunhão e caminhada com Deus e uns com os outros depende da nossa disposição de confessar nossos pecados a Deus e receber Seu perdão, e então estender Seu perdão aos outros.
A morte de Jesus não foi apenas para reconciliar os seres humanos consigo mesmo, mas também para restaurar toda a criação ao seu projeto original (Romanos 8:22). Jesus restaurou o direito da humanidade de administrar a Terra (Hebreus 2:7-9) Deus finalmente criará uma nova Terra na qual habita a justiça (2 Pedro 3:13).
Portanto, à luz da realidade de que nós, que estamos em Cristo, nos tornamos a justiça de Deus n'Ele, podemos nos alegrar com o que está por vir na Nova Jerusalém e na Nova Terra: “Não haverá jamais maldição” (Apocalipse 22:3) a justiça de Deus prevalecerá por fim.
Usado com permissão de TheBibleSays.com.
Você pode acessar o artigo original aqui.
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