
Jeremias 37:6-10 explica a resposta direta de Deus à indagação do rei Zedequias durante uma breve retirada babilônica. Judá interpretou a movimentação do exército egípcio como um sinal positivo, mas Deus esclarece que as aparências enganam: a Babilônia retornará e destruirá Jerusalém. A passagem confronta a confiança política mal depositada e reforça as declarações de julgamento anteriores de Deus.
O profeta inicia sua profecia em Jeremias 37:6 com sua declaração usual: " Então veio a palavra do Senhor ao profeta Jeremias, dizendo" (v. 6). Essa cláusula inicial estabelece continuamente que o que se segue não é a interpretação de Jeremias sobre os acontecimentos da época, mas uma mensagem divina transmitida pelo Senhor com autoridade profética. Essa distinção é essencial em Jeremias, pois o profeta adverte repetidamente que a análise humana dos eventos - especialmente os desenvolvimentos militares - jamais deve se sobrepor aos propósitos declarados de Deus (Jeremias 7:17-20; Jeremias 23:16-17).
O versículo também conecta essa revelação a um padrão consistente no livro: Deus continua a falar mesmo quando Judá não obedece. Zedequias já havia buscado orientação profética anteriormente ( Jeremias 21:1-2), e ainda assim, habitualmente, ignorava as instruções que recebia. Mesmo assim, o SENHOR responde, demonstrando que a revelação divina está disponível até mesmo para líderes espiritualmente resistentes.
Além disso, ao enfatizar que a mensagem chegou a Jeremias, o texto reforça a natureza das Escrituras como algo recebido, e não inventado. Isso antecipa as afirmações do Novo Testamento de que a profecia não se origina da iniciativa humana, mas de Deus (2 Pedro 1:20-21).
Deus instrui Jeremias a transmitir a mensagem ao rei, declarando: "Assim diz o Senhor Deus de Israel: 'Assim dirás ao rei de Judá, que te enviou a mim para me consultar: Eis que o exército de Faraó, que saiu para te ajudar, voltará para a sua terra, o Egito'" (v. 7). Jeremias 37:7 responde diretamente à esperança de Zedequias de que o envolvimento do Egito quebraria o cerco da Babilônia. Historicamente, o faraó Hofra mobilizou tropas para o norte, provocando a retirada temporária da Babilônia de Jerusalém (Jeremias 37:5). Judá interpretou esse acontecimento como um sinal de resgate iminente.
Contudo, Deus revela que o exército do Egito recuará sem alcançar nada: sua missão terminará em retirada, não em libertação. Isso está em consonância com advertências anteriores contra a dependência do Egito - advertências presentes na história da aliança de Israel (Deuteronômio 17:16) e reforçadas por profetas como Isaías, que declarou que a ajuda do Egito é "inútil e vã" (Isaías 30:7). A estratégia política de Judá, portanto, representa tanto um erro de cálculo estratégico quanto uma quebra da aliança.
Jeremias 37:7 destaca um tema teológico mais amplo: quando Deus determina o julgamento, alianças estrangeiras não podem anular o Seu decreto. O Egito, apesar de sua força militar, não pode alterar o que Deus proferiu.
Deus continua Sua mensagem declarando que "''Os caldeus também voltarão e lutarão contra esta cidade, e a conquistarão e a queimarão''" (v. 8). Judá havia interpretado erroneamente a retirada babilônica como um sinal de que a ameaça havia terminado. Deus imediatamente corrige essa concepção errônea anunciando que a Babilônia - aqui referida pelo termo étnico "caldeus" - retomará o cerco.
Jeremias 37: 8 descreve três estágios específicos do destino da cidade: os babilônios retornarão , lutarão e capturarão e incendiarão Jerusalém (v. 8). Cada elemento corresponde a profecias anteriores (Jeremias 21:10; Jeremias 34:2) e às maldições da aliança descritas em Deuteronômio 28:52, que advertem que a rebelião persistente levaria nações estrangeiras a sitiar e devastar as cidades fortificadas de Israel.
Essa profecia se cumpriu em detalhes precisos em 586 a.C., quando as forças de Nabucodonosor romperam os muros, conquistaram Jerusalém, incendiaram o templo e o palácio e destruíram a infraestrutura da cidade (2 Reis 25:8-10). O versículo 8, portanto, reforça tanto a certeza quanto a especificidade do julgamento de Deus.
Advertindo o povo contra o otimismo falso, Deus instrui Judá : "Assim diz o Senhor: ' Não se iludam, dizendo: "Os caldeus certamente irão embora de nós", porque não irão'" (v. 9). Esta declaração confronta a inclinação natural de Judá de interpretar a breve retirada babilônica como uma vitória permanente. A frase "não se iludam" (v. 9) (literalmente " não enganem suas almas") destaca o perigo de fomentar narrativas internas que contradizem a Palavra de Deus.
O problema aqui não é a ignorância, mas a reinterpretação tendenciosa. Judá já possuía claros avisos proféticos, contudo, preferiu reinterpretar suas circunstâncias sob uma perspectiva mais favorável. Essa tendência é semelhante a exemplos anteriores, como a presunção de Israel ao tentar invadir Canaã depois que Deus já havia declarado o julgamento (Números 14:41-45), ou a recusa do rei Amazias em acatar o aviso profético em 2 Crônicas 25:15-16.
Ao ordenar que não se enganassem, Deus afirma que a verdade não se estabelece pelas aparências, mas pela Sua palavra revelada. A partida temporária da Babilônia não é libertação; é apenas um adiamento.
Para eliminar qualquer dúvida restante, em Jeremias 37:10, Deus explica: "'Pois, mesmo que vocês tivessem derrotado todo o exército dos caldeus que lutavam contra vocês, e restassem apenas os feridos, cada um em sua tenda, eles se levantariam e incendiariam esta cidade'" (v. 10). Este cenário hipotético enfatiza que a força da Babilônia é irrelevante em comparação com o decreto de Deus. Mesmo um remanescente babilônico derrotado e ferido - que dificilmente representava uma ameaça militar - ainda assim conseguiria destruir Jerusalém, se essa fosse a determinação de Deus.
Essa ideia aparece em toda a Escritura: quando Deus declara juízo, as tentativas humanas de revertê-lo fracassam, independentemente da força aparente (Amós 9:2-4; Isaías 30:17). Por outro lado, quando Deus ampara o seu povo, a fraqueza deste não impede a vitória (Juízes 7:7; 2 Crônicas 20:15). O fator decisivo é sempre a vontade divina, não a capacidade humana.
Assim, Jeremias 37:6-10 ensina que as esperanças militares de Judá são fundamentalmente equivocadas. Nenhuma aliança, nenhuma vitória parcial e nenhuma circunstância favorável podem anular o que Deus proferiu. A destruição de Jerusalém não é uma inevitabilidade militar, mas sim teológica, fundamentada na desobediência de Judá à aliança e no julgamento imutável de Deus.
Usado com permissão de TheBibleSays.com.
Você pode acessar o artigo original aqui.
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