
Os relatos paralelos dos Evangelhos para Lucas 3:21-22 são Mateus 3:13-17 e Marcos 1:9-13. E embora não seja exatamente um paralelo, João 1:29-34 também descreve aspectos que estão intimamente relacionados a Lucas 3:21-22.
Em Lucas 3:21-22, enquanto Jesus é batizado e ora, o céu se abre, o Espírito Santo desce sobre Ele em forma corpórea como uma pomba, e uma voz do céu declara que Ele é o Filho amado de Deus, em quem Ele se compraz.
No versículo anterior, Lucas concluiu seu relato do ministério público de João Batista como precursor messiânico ao descrever a prisão de João por Herodes (Lucas 3:19-20). A prisão de Herodes praticamente interrompeu e encerrou as interações públicas e os batismos de João.
Mas João continuou sendo uma luz para Jesus mesmo na prisão até sua execução.
Por exemplo, João conseguiu receber pelo menos algumas mensagens da prisão (Mateus 11:2-3, Lucas 7:18-19). E João conseguiu ensinar e compartilhar a verdade com Herodes, que gostava de conversar com ele, embora não acreditasse nele (Marcos 6:20). Também pode ter sido durante seu encarceramento que João conheceu e evangelizou “Joana, mulher de Cuza, administrador de Herodes” (Lucas 8:3a). Joana tornou-se uma das principais apoiadoras financeiras do ministério de Jesus (Lucas 8:3).
Para saber mais sobre João Batista, consulte o artigo "Quem foi João Batista?" do site The Bible Says.
Mas antes de Lucas prosseguir com seu relato cronológico da vida de Jesus (Lucas 1:3b), ele descreve o batismo de Jesus, que ocorreu antes de João ser preso.
Ora, quando todo o povo foi batizado, Jesus também foi batizado (v. 21a).
Nesse contexto, a expressão inicial — agora, quando — indica que o que Lucas está prestes a descrever ocorreu antes de João ser preso e enquanto ele ainda batizava pessoas.
O termo "todo o povo" refere-se ao povo judeu de Israel — o povo para quem o Messias foi inicialmente enviado e para quem o precursor do Messias foi enviado para preparar o caminho (Isaías 40:3, Malaquias 3:1, Mateus 3:1-3, Lucas 3:3-6).
João batizava no rio Jordão (João 1:28) e pessoas de toda a Judeia e Jerusalém vinham para serem batizadas por ele, a fim de se arrependerem de seus pecados (Marcos 1:4-5, Lucas 3:1) e prepararem seus corações para a vinda do Messias e do Seu reino (Mateus 3:2).
O motivo pelo qual Lucas escreve "todo o povo" em vez de apenas "alguns do povo" é porque grandes multidões vinham para serem batizadas. Lucas usa essa expressão para indicar que multidões estavam vindo para serem batizadas. Nesse contexto, "todo o povo" não significa cada pessoa em Israel.
Enquanto João batizava todas as pessoas antes de ser preso, Jesus também foi até João e foi batizado por ele. Marcos escreve que Jesus veio de sua casa em Nazaré, localizada na região norte da Galileia, para ser batizado “por João no Jordão” (Marcos 1:9).
Mateus escreve que, quando Jesus veio ser batizado por João, João tentou impedi-lo:
João tentou impedi-lo, dizendo: 'Eu preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?'"
(Mateus 3:14)
O motivo pelo qual João tentou impedir que Jesus fosse batizado por ele foi porque reconhecia a grande justiça de seu primo e o fato de Jesus não ter pecados dos quais precisasse se arrepender. Ao dizer: “Eu preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?” (Mateus 3:14b), João estava confessando que Jesus era muito mais justo do que ele próprio — o precursor messiânico.
Vale ressaltar que, na época em que João disse isso, ele ainda não sabia que Jesus, seu primo, era o Messias. Deus havia falado a João sobre um sinal divino que lhe daria para revelar a identidade do Messias. Até aquele momento, João não tinha visto o sinal.
“Eu não o reconheci, mas aquele que me enviou para batizar com água me disse: 'Aquele sobre quem você vir o Espírito descer e permanecer, esse é o que batiza com o Espírito Santo.'”
(João 1:33)
Assim, quando João tentou impedir que Jesus fosse batizado por ele, fê-lo por causa da perfeita justiça de Jesus, e não porque soubesse que seu primo era o Messias. Isso também demonstra como Jesus cumpriu perfeitamente a Lei antes de iniciar seu ministério como Messias.
Mateus escreve a resposta de Jesus à tentativa de João de não batizá-lo:
“Permitam-no neste momento; pois desta forma convém que façamos tudo o que é justo.”
(Mateus 3:15b)
Jesus não corrige João dizendo: "Não, eu sou um pecador que precisa ser batizado". Mas Ele afirma que é correto ser batizado e identificar-se publicamente com o reino messiânico.
João consentiu e batizou Jesus (Mateus 3:15).
Lucas escreve: Jesus também foi batizado. O contexto de Lucas 3 e o uso da palavra por Lucas também implicam que João foi quem batizou Jesus.
Aparentemente, Jesus estava orando logo após ou durante o seu batismo.
…e enquanto Ele orava, o céu se abriu, e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corpórea como uma pomba, e uma voz veio do céu: “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo” (vv. 22b-23).
Lucas escreve que três coisas notáveis aconteceram enquanto Jesus orava em seu batismo.
Mateus e Marcos observam as mesmas coisas (Mateus 3:16-17, Marcos 1:10-11).
1. O CÉU SE ABRIU
O primeiro sinal que Lucas descreve no batismo de Jesus é que o céu se abriu.
A palavra grega traduzida como céu no versículo 21 é οὐρανός (G3772—"ouranos", pronunciado "ou-ran-ós"). Esta palavra pode se referir a:
Nesse contexto, a expressão — o céu se abriu — significa uma mudança drástica nos céus. Essa mudança drástica pode descrever algo como uma chuva torrencial repentina, ou pode se referir a uma abertura sobrenatural do céu físico que revelou o reino celestial.
Independentemente da manifestação precisa, o fato de o céu ter se aberto no momento em que Jesus foi batizado sinalizava que algo extraordinário estava acontecendo. Deus estava marcando o início do ministério público de Seu Filho com uma afirmação divina.
Nas Escrituras, sempre que o céu se abre, significa que Deus está pessoalmente revelando a Si mesmo, a Sua vontade, o Seu julgamento ou derramando as Suas bênçãos (Isaías 64:1, Ezequiel 1:1, Atos 7:55-56, 10:11-13, Apocalipse 4:1, 19:11).
Duas passagens significativas das Escrituras que descrevem a abertura do céu e que prenunciam a natureza divina e a missão de Jesus são Gênesis 28:10-17 e Salmo 78:23-24.
A visão de Jacó sobre a escada
(Gênesis 28:10-17)
"Ele teve um sonho, e eis que uma escada estava posta na terra, cujo topo chegava até o céu; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela. E eis que o Senhor estava em cima dela e disse: 'Eu sou o Senhor, o Deus de teu pai Abraão e o Deus de Isaque; a terra em que estás deitado, eu a darei a ti e à tua descendência.'"
(Gênesis 28:12-13)
Jacó viu uma escada entre a terra e o céu, que se abriu para revelar a presença de Deus. Essa visão simbolizava como a promessa da aliança de Deus aos pais de Jacó também se estenderia a ele.
A visão de Jacó em Betel, onde viu uma escada apoiada na terra, com o topo alcançando o céu, e os anjos de Deus subindo e descendo por ela, prenunciou a pessoa e a obra de Jesus Cristo. Nessa visão, Deus revelou que haveria uma conexão entre o céu e a terra, entre Deus e o homem.
Mais tarde, Jesus identificou-se como essa mesma escada quando disse a Natanael:
“Vocês verão os céus abertos e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.”
(João 1:51)
A abertura do céu no batismo de Jesus serve como uma alusão divina ao sonho de Jacó, significando que, em Cristo, a morada e a bênção de Deus chegaram à humanidade. Por meio de Jesus, o céu e a terra estão permanentemente unidos. Jesus é a ponte viva entre Deus e o homem. Ele é aquele por meio de quem fluem a revelação divina, a comunhão e a salvação.
A provisão divina do maná vindo do céu
(Salmo 78:23-24)
"Contudo, Ele ordenou às nuvens do alto e abriu as portas do céu; fez chover maná sobre eles para comerem e lhes deu alimento do céu."
(Salmo 78:23-24)
Deus alimentou e sustentou os filhos de Israel enquanto vagavam pelo deserto, enviando-lhes maná — pão (Êxodo 16:4, 14-15; Deuteronômio 8:3). O salmista relata a provisão milagrosa do Senhor dizendo que Ele “abriu as portas do céu” (Salmo 78:24).
O maná no deserto apontava para Jesus como a verdadeira e maior provisão do céu. Quando Deus “abriu as portas do céu” e “fez chover maná” (Salmo 78:23-24), Ele se revelou como Aquele que sustenta o Seu povo com alimento vivificante vindo do alto. Aquele pão milagroso era temporário — saciou a fome física por um dia — mas prefigurava o dia em que Deus abriria novamente o céu para dar o “Pão da Vida” (João 6:32-35).
No batismo de Jesus, o céu se abriu mais uma vez, revelando a Sua provisão suprema para a humanidade: Jesus, Seu Filho amado, capacitado pelo Espírito Santo. Assim como o maná desceu para suprir a necessidade diária de Israel, Jesus desceu do céu para suprir a necessidade eterna da humanidade. Os céus abertos em Seu batismo simbolizam que Deus rompeu novamente a barreira entre o céu e a terra, enviando agora o Pão vivo que dá vida ao mundo.
A abertura dos céus foi um sinal dramático que chamou a atenção para o batismo de Jesus e sua importância. Mas não foi o único sinal.
2. O Espírito Santo desceu em forma de pomba.
O segundo sinal que Lucas descreve no batismo de Jesus é que o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corpórea como uma pomba.
O Espírito Santo é Deus. O Espírito Santo é a terceira Pessoa da Trindade, coigual e coeterno com o Pai e o Filho. Ele não é uma força impessoal, mas uma Pessoa divina que possui intelecto, vontade e emoção. O Espírito Santo está perfeitamente unido a Deus Pai e a Deus Filho em essência e propósito.
Aqui, no batismo de Jesus, o Espírito Santo desce dos céus sobre Jesus em forma corpórea — como uma pomba.
Na Bíblia, a pomba representa paz, pureza, mansidão e a presença do Espírito de Deus.
A primeira menção a uma pomba no Antigo Testamento encontra-se na história da arca de Noé, quando uma pomba retorna com um ramo de oliveira (Gênesis 8:8-12). Seu aparecimento simboliza o fim do julgamento de Deus e a restauração da paz na Terra.
A pomba também é mencionada como uma forma aceitável de sacrifício a Deus, especialmente por aqueles que eram considerados pobres (Levítico 5:7, 12:8). Como sacrifício, as pombas eram oferecidas como símbolos de pureza e inocência.
Aqui, no batismo de Jesus, o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corpórea, como uma pomba, para simbolizar a aprovação divina de Deus a Jesus ao iniciar Seu papel público como Messias. A pomba é uma manifestação física ou corpórea da presença do Espírito Santo neste momento.
A descida do Espírito Santo sobre Jesus em forma de pomba também foi um sinal específico para João Batista de que Jesus era o Messias que ele vinha preparando.
Até aquele momento, embora João fosse o precursor messiânico, ele não conhecia a identidade do Messias (João 1:31, 33a). João sabia apenas que o Messias estava no mundo (Mateus 3:2, 3:11). Mas Deus deu a João um sinal pelo qual ele pôde reconhecer o Messias. João disse:
“Aquele que me enviou para batizar com água me disse: ‘Aquele sobre quem você vir o Espírito descer e permanecer, esse é o que batiza com o Espírito Santo.’”
(João 1:33b)
A descida do Espírito Santo sobre Jesus foi o sinal prometido por Deus a João, de que Jesus era o Messias. E João reconheceu isso imediatamente.
João testemunhou, dizendo: 'Eu vi o Espírito descer do céu como uma pomba e permanecer sobre Ele... Eu mesmo vi e testifiquei que este [Jesus] é o Filho de Deus.'
(João 1:32, 34)
Assim que João reconheceu Jesus como o Messias, proclamou ousadamente a respeito dele :
“Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! Este é aquele de quem eu disse: ‘Depois de mim vem um homem que é superior a mim, porque existia antes de mim.’”
(João 1:29b-30)
O Espírito Santo descendo sobre Jesus como uma pomba também se conecta com o que João havia ensinado anteriormente sobre o Messias:
“Ele vos batizará com o Espírito Santo.”
(Mateus 3:11, Marcos 1:8).
A descida do Espírito Santo sobre Jesus quando Ele foi batizado é uma evidência visível de que Jesus estava plenamente capacitado para cumprir seu papel declarado de batizar com o Espírito Santo.
3. A VOZ DO CÉU
O terceiro e último sinal que Lucas descreve no batismo de Jesus é que uma voz veio do céu, dizendo: "Tu és o meu Filho amado; em ti me comprazo".
A voz que veio do céu era a voz de Deus Pai.
O fato de a voz ter vindo do céu significava que não provinha de ninguém em pé na terra, mas da direção dos céus, que se abriram dramaticamente e de onde o Espírito Santo desceu em forma corpórea como uma pomba sobre Jesus.
No momento do batismo de Jesus, as três Pessoas da Trindade estão ativas: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.
A participação ativa da Trindade no batismo de Jesus é significativa porque demonstra Sua natureza divina como Filho de Deus e a missão divina que Ele veio cumprir como Filho do Homem. É uma inauguração divina da vida e do ministério de Jesus.
O batismo de Jesus é um dos poucos trechos da Bíblia que menciona explicitamente as Três Pessoas da Trindade simultaneamente. Outras ocasiões incluem:
O que a Voz declarou:
A voz que vinha do céu declarou: “Tu és o Meu Filho amado, em Ti me comprazo”.
Deus Pai estava muito satisfeito com a vida de Jesus. Essa declaração indicava que Deus aprovava de todo o coração a vida e as escolhas de Jesus até aquele momento.
Jesus não exerceu nenhum “ministério em tempo integral” que tenhamos conhecimento durante os cerca de trinta anos (Lucas 3:23a) que Ele viveu até então.
Jesus era o filho primogênito de Maria (Lucas 2:7) e foi criado por ela e José (Lucas 3:23b) na cidade de Nazaré (Lucas 2:39). Quando criança, Jesus “crescia e se fortalecia, aumentando em sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele” (Lucas 2:40). À medida que Jesus crescia da infância para a idade adulta, “Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens” (Lucas 2:52).
Antes de seu batismo, Jesus trabalhava como carpinteiro (Marcos 6:3) e parece ter aprendido esse ofício com José (Mateus 13:55a).
A palavra grega traduzida como “carpinteiro” em Mateus 13:55 e Marcos 6:3 é “τέκτων” (G5045 - pronunciado: “ték-ton”). Significa “artesão” ou mesmo “operário da construção civil”. A cidade romana de Séforis, que ficava nas proximidades, estava sendo reconstruída durante a infância e o início da vida adulta de Jesus e ficava a poucos quilômetros de Nazaré, portanto é plausível que José e Jesus tenham trabalhado na reconstrução dessa cidade.
Durante todo esse tempo, em tudo o que Ele fazia — aprendendo, crescendo, provendo para Sua família após a morte de José, interagindo em Sua comunidade, cumprindo a Lei — Jesus viveu em perfeita harmonia com os mandamentos e a vontade de Deus (Mateus 5:17). A fidelidade perfeita de Jesus foi o que levou Deus a dizer que estava muito satisfeito com Seu Filho.
A aprovação de Deus à vida diária de Jesus é consistente com as admoestações bíblicas para que façamos tudo o que fazemos "para o Senhor" (1 Coríntios 10:31, Efésios 6:7, Colossenses 3:23-24).
Quem ouviu a Voz do Céu?
A Bíblia não deixa claro quem exatamente ouviu a voz do céu e sua declaração no batismo de Jesus. Podem ter sido todos, ou podem ter sido apenas Jesus e João.
Os relatos de Lucas e Marcos dizem que a voz falou diretamente com Jesus, dizendo: "Tu és o meu Filho amado; em ti me comprazo" (Marcos 1:11b). O Evangelho de João menciona apenas o sinal da descida do Espírito Santo sobre Jesus e não menciona a voz vinda do céu.
Mas João Batista também ouviu a voz do céu.
No relato de Mateus, a voz do céu usou uma expressão na terceira pessoa: “Este é” (Mateus 3:17) ao se referir a Jesus, em vez de um pronome direto na segunda pessoa: “Tu és” (Marcos 1:11, Lucas 3:22).
A frase de Mateus indica que pelo menos alguém além de Jesus ouviu o que a voz do céu disse quando Ele foi batizado. Se mais alguém ouviu a voz, muito provavelmente teria sido João Batista. Quaisquer outros que estivessem presentes podem ou não tê-la ouvido.
É possível que uma única voz tenha falado e Jesus a tenha ouvido falando consigo mesmo, assim como João (e outros) a ouviram falando sobre Jesus.
O que fica claro nos relatos dos Evangelhos é que uma voz do céu falou, afirmando que Jesus era o Filho de Deus.
Após escrever sobre o batismo de Jesus, Lucas apresenta a genealogia de Jesus, traçando sua linhagem (muito provavelmente através de Maria) até Adão, o primeiro ser humano (Lucas 3:23-38).
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