
Ao iniciarmos o Salmo 36:1-4, encontramos a frase Ao cantor-mor. Salmo de Davi, servo de Jeová. Davi era o jovem pastor de ovelhas que se tornou rei, reinando sobre Israel aproximadamente de 1010 a 970 a.C. Ele passou seus primeiros anos cuidando de ovelhas em Belém antes de unir as tribos e estabelecer Jerusalém como sua capital. Este título poético mostra que essas palavras eram destinadas a serem usadas em cultos liderados por pessoas com conhecimento musical, indicando a natureza comunitária e reflexiva do Salmo.
Neste título, Davi refere a si mesmo humildemente como servo de Deus, enfatizando sua dependência do Todo-Poderoso. Longe de se vangloriar de ser rei ou guerreiro, ele se identifica com o papel de um seguidor fiel. Aqui, Davi nos lembra que a posição mais importante não é a do poder, mas a do serviço humilde, um tema retomado por Jesus, que também assumiu a forma de servo (Filipenses 2:5-7). A autodescrição de Davi prepara nossos corações para receber as verdades que ele compartilhará nos versículos seguintes.
No versículo um, lemos: Diz a Transgressão no coração do iníquo: Não há medo de Deus diante dos seus olhos (v. 1). Davi introduz o conceito do pecado personificado, como um conselheiro que sussurra e influencia o ímpio por dentro. A corrupção interior é mostrada como a raiz do mal, desviando pensamentos e ações de Deus. Investir a mente em ideias rebeldes leva, eventualmente, à cegueira espiritual.
Além disso, Davi destaca a ausência de reverência ao Todo-Poderoso. Essa falta de um temor santo e saudável impede que o coração se contenha, impedindo que o conhecimento de um Deus justo e reto possa proporcionar qualquer restrição. As Escrituras afirmam repetidamente que a sabedoria começa com o temor do Senhor (Provérbios 9:10). Sem isso, a consciência pode se tornar insensível e a pessoa fica vulnerável a toda sugestão enganosa de pecado.
A frase "não há medo de Deus" também implica que a pessoa não consegue se maravilhar ou se impressionar com a presença divina. Quando devidamente honrada, a majestade de Deus requer uma atitude de humildade e obediência. Quando esse reconhecimento está ausente, impulsos egocêntricos reinam desenfreados, revelando um coração que se afastou da orientação divina.
Ao examinarmos o versículo dois, Davi escreve: Porque ela o lisonjeia no seu coração, dizendo que a sua iniquidade não há de ser descoberta e detestada (v. 2). Esta é uma declaração ousada sobre como o pecado alimenta o orgulho, levando a pessoa a racionalizar ou minimizar a transgressão. O coração corrompido pelo pecado se apega a uma ilusão de inocência criada por si mesmo, mesmo diante da feiura da transgressão.
Ao descrever a natureza enganadora do pecado, Davi revela como o autoengano se torna a norma. Ele cega o indivíduo para a magnitude de suas ofensas. Esse elogio interno impede a pessoa de reconhecer verdadeiramente a culpa e, sem a verdade penetrante da luz de Deus, raramente se apropria do pecado ou sente a necessidade de arrependimento (1 João 1:8-9). Torna-se uma barreira que precisa ser quebrada pela graça divina antes que a redenção possa ser experimentada.
No versículo três, Davi continua: As palavras da sua boca são iniquidade e dolo; deixou de ser sábio e de fazer o bem (v. 3). Aqui vemos como as motivações pecaminosas transbordam na fala. O que começa como rebeldia interna logo se manifesta como palavras maliciosas ou declarações desonestas. Em vez de buscar uma conversa edificante ou verdadeira, os ímpios dão voz à impureza e ao engano.
O salmista observa que, em um coração desprovido de temor a Deus, a própria sabedoria é abandonada. Essa sabedoria não se resume ao intelecto, mas sim a viver habilmente aos olhos do Criador. As palavras de Davi ecoam o ensinamento de Jesus de que a boca fala do que o coração está cheio (Mateus 12:34). À medida que o coração se endurece, deixa pouco espaço para a retidão em palavras ou ações.
Além disso, a expressão "deixou de ser sábio" transmite um afastamento deliberado do caminho do discernimento moral. Revela uma decadência moral onde o indivíduo, em vez de crescer em virtude, abraça aquilo que o afasta ainda mais da verdade de Deus. A verdadeira bondade é abandonada e, em seu lugar, surge um padrão de escolhas prejudiciais.
Finalmente, o versículo quatro conclui: Maquina a iniquidade no seu leito; detém-se em caminho que não é bom; não dá de mão o mal (v. 4). A imagem de alguém pensando e refletindo sobre o mal enquanto está deitado na cama ressalta quão profundamente o pecado se enraíza na vida mental. Mesmo na quietude da noite, em vez de refletir sobre o arrependimento, a mente concebe novas maneiras de se rebelar contra Deus.
Davi ilustra ainda mais a trajetória fatal de tal mentalidade: uma vez escolhido o caminho do pecado, o ímpio se sente confortável nele. O versículo relata que esse indivíduo não despreza o mal, ou seja, não há remorso ou repulsa pelo ato errado. Afastado da justiça divina, o pecador mergulha cada vez mais em um estilo de vida que se opõe aos propósitos do Senhor.
Este versículo também serve como um alerta de que nossas intenções moldam nossas ações. Quando ruminamos planos prejudiciais em segredo, nos afastamos da bênção de Deus. O chamado é para examinarmos nossos corações e permitirmos que o Espírito Santo guie nossos pensamentos para a justiça (Romanos 12:2), transformando nosso caminho em um que promova a saúde espiritual.
Usado com permissão de TheBibleSays.com.
Você pode acessar o artigo original aqui.
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