The Bible Says
Apocalipse 5:6-10 Explicação

João está na sala do trono e acaba de ver "na destra daquele que estava sentado sobre o trono, um livro escrito por dentro e por fora, fechado e selado com sete selos" (Apocalipse 5:1-2). Na última seção, vimos que Jesus é tanto o Leão quanto o Cordeiro. Ele é o Leão porque é o rei. Ele é o Cordeiro porque se submeteu a ser sacrificado pelos pecados do mundo. Somente o Cordeiro foi considerado digno de abrir os selos e olhar dentro do livro. E agora esse mesmo Cordeiro é mostrado a João:

Vi, no meio do trono, e das quatro criaturas viventes, e no meio dos anciãos, um Cordeiro em pé, como se tivesse sido morto, tendo sete chifres e sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra (v. 6).

Em Apocalipse 1, vimos as sete estrelas e os sete candelabros na sala do trono, que eram os sete anjos e as sete igrejas. Agora temos os sete chifres e os sete olhos do Cordeiro, que são os sete Espíritos de Deus, enviados a toda a Terra. Anteriormente, os anjos eram enviados apenas às sete igrejas, mas agora os Espíritos de Deus estão indo a toda a Terra.

O número sete representa a completude nas escrituras, como a criação sendo concluída em sete dias. Portanto, podemos inferir que sete chifres representam poder completo, e sete olhos significam conhecimento total.

Deus é onisciente e onipresente; Seu Espírito está em toda parte e Ele sabe de tudo. É evidente que o Cordeiro também é Deus.

Em seguida, o Cordeiro: 

Veio e tirou o livro da mão direita daquele que estava sentado sobre o trono. Havendo ele tomado o livro, as quatro criaturas viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos (v. 7-8).

Os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, mostrando que o Cordeiro tem autoridade sobre todos os anciãos (v. 8). Isso provavelmente se deve ao fato de o Cordeiro ser Jesus, Aquele que venceu e recebeu o título de "Filho" para governar a Terra (Hebreus 1:5, 8, 13). Como Cordeiro, Ele tirou os pecados do mundo. Como "Filho", Ele é o Leão de Judá que reinará sobre a Terra.

Este Filho restaurou à humanidade a capacidade de retornar à "glória e honra" de ter um lugar de autoridade para reinar sobre a Terra, conforme o propósito criativo de Deus (Hebreus 2:5-10). O Cordeiro, que é o Filho, trará consigo muitos crentes para serem filhos, para compartilharem a "glória e honra" de reinar.

Estes são aqueles que venceram, assim como Ele venceu (Apocalipse 3:21; Hebreus 2:9-10). Os vinte e quatro anciãos podem representar ou ser os líderes daqueles crentes que venceram como Jesus venceu e viveram como testemunhas fiéis que não temeram a rejeição, a perda ou a morte do mundo.

O número dos vinte e quatro anciãos não é explicado. Jesus prometeu aos discípulos que eles se sentariam em doze tronos, julgando as doze tribos de Israel em Seu reino vindouro (Mateus 19:28). É possível que sejam doze dos vinte e quatro. Talvez outros doze representem crentes líderes que foram testemunhas fiéis dentre os crentes gentios.

A imagem do que cada uma das criaturas e anciãos está segurando é retratada como uma harpa e taças de ouro cheias de incenso (v. 8). Essa menção à harpa é uma das quatro ocorrências em Apocalipse e pode ser a fonte do estereótipo de anjos no céu tocando harpas. Mas essas harpas são seguradas pelos quatro seres viventes e pelos vinte e quatro anciãos. No entanto, não se nota nenhuma mudança involuntária, e as harpas não estão sendo tocadas.

Em Apocalipse 15:2, a palavra aparece novamente na frase "harpas de Deus" sendo seguradas por aqueles que foram "vitoriosos" ("nikaeo"). Isso infere que as harpas são uma recompensa que Deus concede aos vencedores. Talvez, assim como os anciãos que venceram têm coroas, indicando autoridade e adoração ao jogá-las diante do trono, aqueles com harpas de Deus participam de uma orquestra celestial. As harpas, então, parecem indicar uma espécie de privilégio.

As taças de ouro contêm as orações dos santos (v. 8). Aparentemente, quando os fiéis oram, eles enchem as taças das criaturas e dos anciãos. Nos Salmos, Davi pede a Deus: "Apresente-se a minha oração como incenso diante de ti, o erguer das minhas mãos, como a oblação da tarde" (Salmo 141:2).

Hoje, quando ouvimos a palavra "santos", podemos pensar nos santos canônicos, crentes de grande destaque aqui na Terra. Mas aqui, "santos" traduz a palavra grega "hagios", que é mais frequentemente traduzida como "consagrado" ou "separado". Paulo usa a palavra para se referir a todos os crentes em Roma (Romanos 1:7), o que indica que a designação "santo" pode ser aplicada a qualquer crente que se torna santo por estar em Cristo mediante a fé (2 Coríntios 5:17).

Essa designação de santos também poderia se aplicar aos crentes que, pela conduta de suas vidas, viveram separados do mundo, vivendo em obediência como testemunhas fiéis e, portanto, tiveram suas orações especialmente consideradas (Tiago 5:16). Infere-se aqui que as orações desses santos são como incenso que enche as taças de ouro na sala do trono e são uma oferta doce e perfumada a Deus.

Veremos em um capítulo posterior que taças cheias da ira de Deus são derramadas sobre a terra para trazer julgamento à injustiça. Essas taças são fornecidas pelas quatro criaturas (Apocalipse 15:7). Pode ser que as orações dos santos incluam orações pela restauração da Terra, para que a justiça chegue à Terra - que a ira de Deus sobre a injustiça esteja conectada a essas orações.

Tendo se prostrado diante do Cordeiro, as criaturas e os anciãos agora começam a cantar um novo cântico:

E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de receber o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e compraste para Deus, com o teu sangue, homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação, e lhes fizeste, para nosso Deus, reino e sacerdotes, e reinarão sobre a terra (v. 9-10).

Este novo cântico é cantado a Jesus, o Cordeiro, proclamando as maneiras pelas quais Ele é digno de romper os selos do livro. Talvez o cântico seja acompanhado por harpas. O cântico celebra que o Cordeiro é digno. Parece ser como a música tema no final de um filme, atingindo um crescendo à medida que o protagonista da história alcança a vitória.

João ficou perturbado anteriormente quando ninguém foi encontrado para quebrar os selos e abrir o livro, o que levará ao ápice de toda a história e à restauração de todas as coisas à ordem criativa de Deus. Agora há grande celebração, porque o Cordeiro é digno de abrir o livro e restaurar todas as coisas. O Cordeiro é aquele cujo sacrifício de Si mesmo comprou para Deus com Seu sangue homens de todas as nações da terra (v. 9).

Veremos na próxima seção que o Cordeiro é digno de "receber o poder, e a riqueza, e a sabedoria, e a força, e a honra, e a glória, e a bênção" (Apocalipse 5:12). Parte da restauração de todas as coisas é reestabelecer a autoridade em seu devido lugar. Deus originalmente projetou os humanos para reinar sobre a Terra (Hebreus 2:5-8). Os humanos caíram e não governaram a Terra adequadamente (Hebreus 2:8). Mas Jesus restaurou o direito dos humanos de terem a "glória e a honra" de reinar por meio do Seu "sofrimento de morte" - isto é, por meio Dele ser o Cordeiro de Deus sacrificado pelos pecados do mundo (Hebreus 2:9).

Jesus é digno de toda a glória e honra para assumir toda a autoridade porque Ele foi morto. Ele comprou para Deus com Seu sangue, homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação (v. 9). Jesus foi morto como o Cordeiro de Deus, para tirar os pecados do mundo. Este é o evangelho em poucas palavras: Jesus morreu para restaurar a humanidade a Deus e redimir o mundo (João 3:14-16; 1 Coríntios 15:3-4).

Jesus morreu e pagou com Seu sangue a nossa redenção. E não apenas a redenção de algumas pessoas, mas de todas as pessoas: todo pecado foi pregado na cruz e pago por Jesus (Colossenses 2:14). E por que Ele nos comprou? Para que fôssemos para nosso Deus, reino e sacerdotes, e reinarão sobre a terra (v. 10).

Os crentes que vencerem receberão a incrível recompensa de reinar com Cristo e compartilhar Sua autoridade sobre a Terra. Jesus recebeu toda a autoridade por causa de Sua obediência (Mateus 28:18; Filipenses 2:8-10). Ele ainda não afirmou plenamente Sua autoridade. A "Grande Comissão" implica que Ele aguarda a plenitude daqueles que vencerem, assim como Ele venceu, antes de instalar Seu reinado na Terra, pois começa com a afirmação de que Jesus já possui toda a autoridade (Mateus 28:18). No entanto, em vez de afirmar essa autoridade para reinar, Jesus deixou instruções para Seus discípulos levarem o evangelho aonde quer que fossem, fazendo discípulos (Mateus 28:18-20).

Em Romanos, o apóstolo Paulo infere que o fim desta era da Terra aguarda a "plenitude dos gentios" para se completar, antes da instalação física do Seu reino (Romanos 11:25). Parece que, quando o número de vencedores se completar, Jesus instalará o Seu reino na Terra. Quando Ele instalar o Seu reino, cumprirá a Sua promessa aos Seus servos que venceram como Ele venceu e compartilharão o Seu reinado com eles (Apocalipse 3:21). Eles serão para nosso Deus, reino e sacerdotes, e reinarão sobre a terra (v. 10).

A nação de Israel foi designada para ter a função de ser um reino de sacerdotes, mostrando a justiça de Deus a outras nações e sendo uma luz para o mundo (Êxodo 19:6). Essa era a sua responsabilidade, e as bênçãos da aliança/pacto de Deus com Israel estavam vinculadas ao cumprimento fiel dessa tarefa. Da mesma forma, Apocalipse promete grandes bênçãos aos servos de Deus que ouvirem as palavras desta profecia e forem testemunhas fiéis, e que não forem dissuadidos pela rejeição, perda ou mesmo morte do mundo (Apocalipse 1:3).

Esta seção mostra o início do ápice desta era. O ápice se concentrará em Jesus, que está no trono do céu, ascendendo ao trono da terra, porque Ele é digno. Quando Ele ascender ao Seu trono terrestre, trará consigo pessoas de toda tribo, língua, povo e nação para reinarem com Ele. Estes serão os vencedores, aqueles que são testemunhas fiéis. Eles receberão a grande bênção, porque fizeram as coisas escritas nesta profecia (Apocalipse 1:3).