
O profeta Jeremias se encontra novamente diante do rei Zedequias em Jeremias 37:17: "Então o rei Zedequias mandou buscá-lo; e no seu palácio o rei lhe perguntou secretamente: 'Há alguma palavra do Senhor?' E Jeremias respondeu: 'Sim!' Então o rei disse: 'Você será entregue nas mãos do rei da Babilônia!'" (v. 17). O rei Zedequias, que reinou sobre Judá de 597 a.C. a 586 a.C., nutria tanto curiosidade quanto temor quanto ao destino de seu reino. Ele perguntou a Jeremias se havia alguma palavra do Senhor (v. 17), buscando segurança, embora tivesse ignorado repetidamente os avisos anteriores do profeta. Jeremias responde diretamente e confirma que a mensagem de Deus permanece inalterada: a Babilônia prevalecerá. Embora Zedequias esteja curioso, ele também parece relutante em se submeter verdadeiramente à direção de Deus.
Jeremias 37:17 mostra como Zedequias esperava por uma profecia que pudesse desafiar o aparente desfecho que pairava sobre Judá. A Babilônia, um império localizado na antiga Mesopotâmia, às margens do baixo rio Eufrates, era uma potência formidável no século VI a.C. Ao declarar: " Vocês serão entregues nas mãos do rei da Babilônia!" (v. 17), Jeremias reitera uma mensagem consistente com o restante de suas profecias: o julgamento de Deus é inevitável.
No Novo Testamento, vemos ecos desse princípio de que a palavra de Deus permanece firme, apesar de nossa relutância em aceitá-la (Romanos 3:3-4). A investigação secreta de Zedequias busca evitar a responsabilidade pessoal, ilustrando que a verdadeira confiança no SENHOR exige total comprometimento, e não perguntas tímidas.
Continuando a conversa, Jeremias desafia o rei: Jeremias disse ainda ao rei Zedequias: "Em que pecei contra ti, contra os teus servos ou contra este povo, para que me pusesses na prisão?" (v. 18). Aqui, o profeta aborda a injustiça percebida em sua prisão. Ele chama a atenção para o fato de que transmitir as advertências de Deus não constitui um delito; na verdade, ele está destacando sua inocência e as acusações equivocadas do rei.
A pergunta de Jeremias serve como um lembrete de que aqueles que dizem a verdade são frequentemente perseguidos porque transmitem uma mensagem que perturba as estruturas de poder estabelecidas. O rei Zedequias e seus oficiais poderiam ter considerado as palavras de Jeremias como sediciosas ou antipatrióticas. Ao perguntar: " Em que pecei?" (v. 18), Jeremias esclarece que está apenas agindo como mensageiro do Senhor, enfatizando que o conflito surge não de sua infidelidade a Judá, mas da infidelidade de Judá a Deus.
Ao longo das Escrituras, Deus frequentemente chama seus servos para proclamarem verdades difíceis (Atos 24-26). Sempre que a liderança humana impõe fardos opressivos aos mensageiros de Deus, a verdadeira questão reside, muitas vezes, na relutância desses líderes em aceitar a repreensão. A pergunta de Jeremias revela a inocência do profeta e o endurecimento do coração daqueles que rejeitam o conselho divino.
Jeremias então contrapõe a verdadeira profecia ao engano em Jeremias 37:19: " Onde estão, pois, os teus profetas que te profetizaram, dizendo: 'O rei da Babilônia não virá contra ti nem contra esta terra'?" (v. 19). Ele destaca que aqueles que disseram a Zedequias o que ele queria ouvir não estão em lugar nenhum. Suas profecias se provaram falsas, pois o exército babilônico ameaça Jerusalém.
Este versículo destaca um padrão atemporal: as pessoas frequentemente se apegam a vozes de conforto em vez da verdade. Jeremias ressalta como os falsos profetas trouxeram uma segurança temporária, mas deixaram o rei despreparado para a realidade. A ausência deles é eloquente, comprovando que a palavra de Deus por meio de Jeremias era, de fato, a verdade desde o princípio.
Além disso, serve como uma lição de que líderes perspicazes buscam a verdadeira orientação do SENHOR, em vez de bajulação ou ilusão. A vacuidade das promessas dos falsos profetas contrasta com a fidelidade do verdadeiro porta-voz de Deus. Essa tensão ainda pode ser observada hoje, quando as pessoas ignoram advertências em favor de promessas reconfortantes, apenas para enfrentar as consequências mais tarde.
Implorando por misericórdia, Jeremias suplica em Jeremias 37:20: " Mas agora, por favor, ouça, ó meu senhor, o rei; por favor, deixe que a minha petição chegue à sua presença e não me faça voltar à casa de Jônatas, o escriba, para que eu não morra lá" (v. 20). Ele se dirige respeitosamente a Zedequias, chamando-o de "meu senhor", e pede para não ser confinado no local onde anteriormente havia sofrido maus tratos.
As palavras de Jeremias revelam tanto fé quanto vulnerabilidade humana. Mesmo confiando em Deus para transmitir a verdade, ele ainda teme por sua vida. A casa de Jônatas, o escriba, parece ter sido um lugar de terrível confinamento ou possível tortura, e o bem-estar físico de Jeremias estava em sério risco. Demonstrando que os servos de Deus podem sentir cansaço e medo, Jeremias exemplifica como os crentes ainda podem reconhecer suas necessidades diante das autoridades da época.
Ao pedir: " Não me faças voltar... para que eu não morra lá" (v. 20), Jeremias demonstra que é permitido buscar misericórdia em circunstâncias extremas sem comprometer a fé. Isso ecoa o ensinamento de Cristo em Mateus 10, quando Ele encoraja Seus seguidores a serem sábios e atentos ao perigo, sem deixar de confiar em Deus. O apelo de Jeremias também ressalta sua fé de que qualquer dever que ele cumpra deve estar alinhado com a missão de Deus, em vez de ser interrompido por sofrimento desnecessário.
Finalmente, as Escrituras registram a decisão do rei em Jeremias 37:21: "Então o rei Zedequias ordenou que Jeremias fosse entregue no pátio da guarda e recebesse diariamente um pão da rua dos padeiros, até que todo o pão da cidade se acabasse. Assim, Jeremias permaneceu no pátio da guarda" (v. 21). Embora Zedequias não tenha concedido a Jeremias plena liberdade, ele o colocou sob uma custódia um pouco mais segura do que antes.
O pátio da guarita parece ter sido um ambiente mais aberto, talvez menos perigoso, em comparação com a casa de Jônatas. A provisão de pão diário por Zedequias é uma medida de proteção, garantindo que Jeremias não morra de fome. Ainda assim, o profeta é mantido sob controle. Isso reflete a postura conflituosa do rei: ele reconhece a importância de Jeremias.
Mesmo em cativeiro, a presença de Jeremias na prisão permite que ele continue servindo como mensageiro de Deus. Eventos posteriores mostrarão como essa situação precária ainda pode cumprir os propósitos do SENHOR (assim como José serviu a Deus mesmo confinado no Egito). O plano de Deus frequentemente se revela por meio de circunstâncias inesperadas, e a fidelidade de Jeremias lembra aos crentes o poder da confiança e da perseverança, independentemente do contexto.
Usado com permissão de TheBibleSays.com.
Você pode acessar o artigo original aqui.
The Blue Letter Bible ministry and the BLB Institute hold to the historical, conservative Christian faith, which includes a firm belief in the inerrancy of Scripture. Since the text and audio content provided by BLB represent a range of evangelical traditions, all of the ideas and principles conveyed in the resource materials are not necessarily affirmed, in total, by this ministry.
Loading
Loading
| Interlinear |
| Bibles |
| Cross-Refs |
| Commentaries |
| Dictionaries |
| Miscellaneous |