
Não existem relatos evangélicos paralelos aparentes a Lucas 2:36-38.
Em Lucas 2:36-38, Ana, uma profetisa idosa que adorava fielmente no templo, dá graças a Deus e começa a falar sobre a criança àqueles que aguardavam a redenção prometida.
Simeão (Lucas 2:25-35) não foi a única pessoa a se aproximar de Maria e José no dia em que eles vieram oferecer o sacrifício de purificação e apresentar Jesus no templo (Lucas 2:22-24).
Uma mulher chamada Ana também deu graças a Deus (v. 37) pelo bebê que era o Messias.
Após relatar a história de Simeão e sua profecia, Lucas rapidamente nos fala sobre Ana e seu contexto biográfico:
Havia também uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Ela era de idade avançada e havia vivido com seu marido sete anos após o casamento, e depois como viúva até os oitenta e quatro anos (vv. 36-37a).
O nome Anna vem da forma grega do nome hebraico "Hannah". Em hebraico, Hannah significa "aquela que é graciosa" ou "aquela que é favorecida".
Luke apresenta cinco fatos biográficos sobre Anna.
Primeiro, Lucas nos diz que Ana era uma profetisa.
Uma profetisa é uma mulher que recebe e comunica mensagens de Deus, especialmente referentes à Sua vontade, orientação ou eventos futuros. Assim como os profetas homens, as profetisas eram capacitadas pelo Espírito Santo para falar a verdade de Deus, às vezes prevendo eventos futuros e frequentemente chamando as pessoas à fidelidade e obediência.
Outros exemplos bíblicos de profetisas incluem:
Como profetisa, Ana era uma mulher por meio de quem Deus falava. Lucas nos diz que ela era profetisa para indicar que suas palavras proféticas eram autoritativas e vinham de Deus, e não se baseavam em seus sentimentos ou opiniões.
Em segundo lugar, Lucas relata que Ana era filha de Fanuel.
Embora o próprio Fanuel não seja mencionado em nenhum outro lugar das Escrituras e não possua nenhum significado histórico ou profético conhecido, seu nome em hebraico significa “face de Deus”. O significado do nome de seu pai se alinha simbolicamente com o encontro de Ana com o menino Jesus, que era a imagem e a face do Deus invisível (Colossenses 1:15).
Terceiro, Lucas escreve que Ana era da tribo de Aser.
A ligação dela com a tribo de Aser é notável porque Aser era uma das dez tribos do norte que foram exiladas pelos assírios e, por vezes, consideradas "perdidas" para a história (2 Reis 17). A presença de Ana no templo como testemunha fiel e profética da chegada do Messias demonstra que havia um remanescente das tribos do norte que perdurou. Isso provavelmente se deve ao fato de muitos membros das dez tribos do norte terem fugido para Judá como refugiados quando a Assíria invadiu e conquistou Israel. Também sugere a restauração e inclusão de todas as doze tribos no plano redentor de Deus, conforme descrito em Apocalipse 7:4-8.
Embora Aser fosse historicamente uma tribo menos conhecida, a bênção de Jacó em Gênesis 49:20 prenunciou a riqueza e o favor de Aser, o que é apropriado, visto que Ana recebe a rica bênção de ver e proclamar o Redentor de Israel.
Em quarto lugar, Lucas nos diz que Ana era de idade avançada.
Ana tinha oitenta e quatro anos. Ela é a quarta pessoa que Lucas descreve como idosa ou de idade avançada nos dois primeiros capítulos de seu evangelho; Zacarias e Isabel (Lucas 1:5) e Simeão (Lucas 2:26-29) são os outros.
Os relatos de quatro pessoas de idade avançada no início do Evangelho de Lucas revelam a presença de um remanescente fiel dos israelitas do Antigo Testamento — judeus devotos que viviam na expectativa das promessas de Deus. As vidas de Zacarias, Isabel, Simeão e Ana fazem a ponte entre a antiga e a nova aliança. Sua inclusão nos capítulos iniciais do Evangelho de Lucas demonstra como o nascimento de Jesus foi o cumprimento vivo da Lei e dos Profetas.
Como historiador focado na humanidade de Jesus, a representação que Lucas faz de Ana e dos outros indivíduos de idade avançada situa vividamente a vida de Jesus na experiência vivida por pessoas reais, em vez de apresentá-la como uma coleção de fatos históricos áridos.
Em quinto lugar, Lucas escreve que Ana viveu com o marido sete anos após o casamento e, depois, como viúva, até os oitenta e quatro anos de idade.
Se Ana tivesse se casado na idade típica para moças durante o primeiro século a.C., provavelmente teria ficado viúva por sessenta anos ou mais.
O longo período de viuvez de Ana e sua devoção ao templo ao longo da vida demonstram a incrível perseverança de sua fé. Também revelam seu foco singular no Senhor. Em vez de se casar novamente ou seguir outros caminhos, Ana escolheu dedicar-se inteiramente à adoração, à oração e ao jejum. Seu compromisso inabalável ao longo de muitas décadas revela um coração totalmente voltado para Deus.
Ana, com seus oitenta e quatro anos, representa figurativamente a fé inabalável de inúmeros outros israelitas que viveram suas vidas inteiras buscando e aguardando o consolo de Israel.
Lucas então descreve a devoção inabalável de Ana e sua fé:
Ela nunca saiu do templo, servindo noite e dia com jejuns e orações (v. 37b).
A presença constante de Ana no templo é um testemunho de sua devoção e fé no Senhor. Embora seja improvável que ela de fato vivesse dentro do próprio templo (pois isso não era permitido), a declaração de Lucas enfatiza a constância e a prioridade de sua adoração.
Durante décadas e décadas, toda a vida de Ana girou em torno da presença e das promessas de Deus. Ao descrevê -la como alguém que servia dia e noite, Lucas apresenta Ana como a personificação do remanescente fiel de Israel — aqueles que se apegavam fervorosamente à Palavra de Deus com esperança inabalável, mesmo em meio ao longo silêncio e sofrimento.
A adoração de Ana não era passiva, mas ativa. Caracterizava-se pelo jejum (negação da carne) e pela oração (busca a Deus). Esses atos refletem tanto o luto pela condição de Israel quanto o anseio pela redenção divina.
Ana era como sua homônima Ana no Antigo Testamento, que orava e jejuava fervorosamente no tabernáculo para que Deus atendesse às suas súplicas e lhe desse filhos (1 Samuel 1:6-18). Mas, em vez de jejuar e orar para que Deus lhe desse um filho, Ana parecia jejuar e orar para que Deus desse um filho a Israel, ou seja, para que o Messias viesse. Jesus foi a resposta às suas orações.
Em certo sentido, Ana representa o coração fiel de Israel: experiente, provada, mas ainda aguardando o cumprimento das promessas de Deus. E no tempo perfeito de Deus, seus anos de devoção silenciosa foram recompensados, tornando -a uma das primeiras a contemplar e proclamar o Redentor de Israel.
Após nos apresentar esse contexto da vida e da fé de Ana, Lucas retoma sua narrativa:
Naquele exato momento ela se aproximou e começou a dar graças a Deus, e continuou a falar dele a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém (v. 38).
A expressão " naquele exato momento" significa no mesmo instante em que Simeão abençoava Maria (Lucas 2:34-35). Ana aproximou-se de Maria, José e do menino Jesus enquanto Simeão ainda falava.
Quando Ana se aproximou deles e viu o menino Messias, começou a dar graças a Deus.
Lucas não registra o que Ana disse especificamente. Em vez disso, ele resumiu o que ela sentia e suas palavras com a expressão: ela começou a dar graças a Deus.
O tempo verbal grego na expressão " ela começou a dar graças" é contínuo. Esse tempo indica que Ana agradecia a Deus repetidamente por meio de muitas palavras, declarações e profecias.
Ana estava agradecendo a Deus por quem Jesus era (o Cristo) e por o Senhor ter enviado o Messias — aquele que redimiria Israel (Isaías 9:6-7, 53:12, 59:20, Zacarias 9:9).
Depois de deixar Maria, José e o menino Jesus, Ana continuou a falar dele a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém.
A reação de Ana após ver o menino Jesus não foi se recolher em reverência particular, mas proclamá -lo abertamente aos outros — especificamente a todos aqueles que buscavam a redenção de Jerusalém.
Mais uma vez, isso indica que ainda havia judeus fiéis que, como Ana e Simeão, estavam antecipando e esperando que Deus cumprisse Suas promessas de redimir Israel.
A expressão " redenção de Jerusalém" reflete esperanças tanto espirituais quanto nacionais: que Deus perdoasse os pecados do seu povo, restaurasse a justiça e o libertasse da opressão política de Roma.
Ana, a profetisa, reconheceu corretamente que Jesus era o cumprimento dessa redenção há muito esperada, e sua alegria transbordou em testemunho. Ela se tornou uma das primeiras evangelistas do Messias, compartilhando as boas novas com outros que também esperavam com esperança.
A redenção de Jerusalém está intimamente relacionada com “a consolação de Israel” (Lucas 2:25).
Jerusalém era a capital de Israel.
Ambas as expressões se referem à esperança messiânica profundamente enraizada nas profecias do Antigo Testamento.
Redenção envolve ser resgatado, libertado ou comprado de volta — especialmente da escravidão ou do pecado (Isaías 52:9; Salmo 130:7-8). Consolo refere-se ao conforto durante a dor ou o sofrimento (Isaías 40:1-2). O consolo de Israel durante sua opressão foram as promessas de Deus de conduzir o Seu povo ao Seu reino perfeito e à Sua proteção (Isaías 11:4-6, Jeremias 23:5-6, Daniel 7:13-14, Miquéias 4:1-4).
Ambas as expressões são usadas para revelar que havia judeus fiéis na época do nascimento de Jesus que ansiavam para que Deus resgatasse Seu povo, confortasse seu sofrimento e cumprisse as promessas de Sua aliança. Em Jesus, Ana viu tanto o Redentor quanto o Consolador — Aquele que traria perdão, cura e esperança a Jerusalém e além.
E quando viu o menino Jesus, o cumprimento de todas as promessas de Deus, após oitenta e quatro longos anos de jejuns e orações, ela agradeceu a Deus e compartilhou com alegria as boas novas do Messias com todos que compartilhavam esse anseio e esperança.
Usado com permissão de TheBibleSays.com.
Você pode acessar o artigo original aqui.
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